Fernanda Lapenda Silveira
São nítidos os desafios que a disciplina coloca hoje para toda a sociedade, principalmente para o professor, dada à importância que este possui para o combate a indisciplina.
Como já fora visto anteriormente , a disciplina é um conjunto de regras que servem para o bom andamento da aprendizagem escolar. Portanto, podemos concluir que ela é uma questão de qualidade nos relacionamentos humanos, sendo também uma questão de qualidade entre professor e aluno.
Diante de suas formas de expressão, causas e implicações, a indisciplina escolar desafia os profissionais da educação a refletir, propor e repensar as estratégias de ação pedagógica, já que a indisciplina não pode ser considerada como um fenômeno estático.
Através de minha prática profissional em escolas de educação básica percebi que a preocupação por parte dos professores com a indisciplina escolar vem aumentando cada vez mais. Compõe a fala desses professores a queixa de que a indisciplina é responsável pelo estresse entre eles e pelo insucesso muitas vezes constatado no processo de ensino-aprendizagem.
As configurações adquiridas pelas expressões de indisciplina na escola vem exigindo dos profissionais da educação um repensar sobre seu conceito, que não mais pode ser considerada como "problema de comportamento", conceito que deve ser superado. Deve-se considerar:
..] a indisciplina no contexto das condutas dos alunos, dentro ou fora da sala de aula, nas diversas atividades pedagógicas, a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola e também considerar a indisciplina contextualizada o desenvolvimento cognitivo desses alunos. (Garcia, 1999 p. 102).
A visão que se tem atualmente é da indisciplina enquanto fenômeno de aprendizagem. Desta forma, aquele aluno considerado indisciplinado não o é somente por haver rompido com regras da escola, mas porque não está desenvolvendo suas possibilidades cognitivas, atitudinais e morais. (Garcia, 2002).
Assim, a indisciplina tem que ser analisada e compreendida no contexto da relação pedagógica em que a situação emerge, pois é nesse contexto que o professor pode categorizar alguém ou algum ato como sendo indisciplinado
Portanto, a indisciplina nos dias atuais deve ser vista como um "fenômeno interativo que ocorre no contexto de sala de aula".(Amado, 2001 p.17). Dessa forma, a indisciplina escolar está intimamente ligada a tudo que diz respeito ao ensino, aos objetivos, às práticas e perspectivas que a orientam.
A indisciplina relacionada a uma interpretação do poder nos oferece um entendimento que varia de acordo com a interpretação que é dada à indisciplina em sala de aula, pois o que pode ser indisciplina para um professor pode não ser para outro (CURTO, 1998, p. 34). Em um determinado momento, este "intérprete", o professor, pode considerar um acontecimento como indisciplina, ou não, como certo ou errado, justo ou injusto, criativo ou desafiador (DELGADO e CAEIRO, 2005, p. 23). Da mesma maneira que a indisciplina pode estar relacionada à interpretação daquele que pensa deter o poder — e que muitas vezes se confunde com a autoridade —, ela pode fazer com que a noção de autoridade seja questionada.
A indisciplina vivenciada por alguns docentes pode ser a evidência de que algo está errado em sala de aula, seja pela postura de alunos que não fazem silêncio durante as aulas, seja pela não-participação deles nas atividades. A indisciplina, segundo Vasconcellos (2004, p. 95), pode ser ativa, na qual o aluno faz bagunça, ou passiva: quando o professor até consegue silêncio, mas não a interação com seus educandos. Por essa razão, vislumbra-se a necessidade de uma atitude interpretativa para a indisciplina escolar, levando-se em consideração que pensar a indisciplina enquanto acontecimento de uma aula implica pensar numa multiplicidade de aspectos, a começar pelo modo como os fatos são interpretados pelos indivíduos intervenientes — para além das diversas situações de âmbito externo ao processo (DELGADO e CAEIRO, 2005, p. 24).
Quanto à noção de um contrapoder na escola, Curto (1998, p. 29-39) aponta que o professor não é o único detentor de poder na sala de aula. Os alunos também ocupam uma posição social e desenvolvem esse atributo. Dessa forma, docentes e discentes possuem poderes e objetivos que, muitas vezes, são divergentes e podem desencadear conflitos, mas é em sala de aula que ambos os poderes se confrontam. A indisciplina escolar resultaria, segundo esse autor, do poder de contestação dos alunos, tendo-se em vista os mais variados objetivos, dentre eles, o ritmo da aula e do professor, os conteúdos programáticos, bem como o distanciamento da escola e da aula ante a realidade do aluno.
Neste ponto, a indisciplina pode estar atrelada ao professor na medida em que se fala de um relacionamento entre docente e aluno. Assim, ambos podem estar trabalhando em conjunto no entendimento do que consideram indisciplina, já que essa compreensão também está vinculada à interpretação dos sujeitos escolares. Da mesma maneira, entendemos que a indisciplina e autoridade docente podem estar conectadas de forma produtiva, fazendo com que professor e aluno construam conjuntamente o vínculo de autoridade e disciplina, entendendo que esta última pode auxiliar nesse contínuo processo de construção.
Em geral, o trabalho docente é compreendido a partir da equação "ensina-se algo, de alguma forma", preocupando-se apenas com a associação dos conteúdos específicos e métodos utilizados. Um terceiro fator deve ser acrescentado, o da dimensão ética do trabalho docente. Assim, a fórmula pedagógica seria "ensina-se algo, de alguma forma, a alguém específico", delimitando um valor humano e social a esta relação.
Grande parte dos problemas enfrentados hoje, relacionados à indisciplina evocam a questão do "para quê escola?", ideia que parece apontar na mesma direção para a qual o aluno indisciplinado nos chama. Essa questão tem de estar muito bem resolvida para os professores, profissionais privilegiados da educação, que devem ter clareza quanto a seu papel e ao valor do seu trabalho.
Neste sentido, é dever de todos da área educacional se preparar e, principalmente, se disponibilizar a atender às demandas de todo o público discente. Só assim venceremos as barreiras de comportamento, unindo finalmente o real ao ideal!
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/21668/1/O-Desafio-da-Disciplina-na-Sala-de-Aula/pagina1.html#ixzz0xZth4hSd
Como já fora visto anteriormente , a disciplina é um conjunto de regras que servem para o bom andamento da aprendizagem escolar. Portanto, podemos concluir que ela é uma questão de qualidade nos relacionamentos humanos, sendo também uma questão de qualidade entre professor e aluno.
Diante de suas formas de expressão, causas e implicações, a indisciplina escolar desafia os profissionais da educação a refletir, propor e repensar as estratégias de ação pedagógica, já que a indisciplina não pode ser considerada como um fenômeno estático.
Através de minha prática profissional em escolas de educação básica percebi que a preocupação por parte dos professores com a indisciplina escolar vem aumentando cada vez mais. Compõe a fala desses professores a queixa de que a indisciplina é responsável pelo estresse entre eles e pelo insucesso muitas vezes constatado no processo de ensino-aprendizagem.
As configurações adquiridas pelas expressões de indisciplina na escola vem exigindo dos profissionais da educação um repensar sobre seu conceito, que não mais pode ser considerada como "problema de comportamento", conceito que deve ser superado. Deve-se considerar:
..] a indisciplina no contexto das condutas dos alunos, dentro ou fora da sala de aula, nas diversas atividades pedagógicas, a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola e também considerar a indisciplina contextualizada o desenvolvimento cognitivo desses alunos. (Garcia, 1999 p. 102).
A visão que se tem atualmente é da indisciplina enquanto fenômeno de aprendizagem. Desta forma, aquele aluno considerado indisciplinado não o é somente por haver rompido com regras da escola, mas porque não está desenvolvendo suas possibilidades cognitivas, atitudinais e morais. (Garcia, 2002).
Assim, a indisciplina tem que ser analisada e compreendida no contexto da relação pedagógica em que a situação emerge, pois é nesse contexto que o professor pode categorizar alguém ou algum ato como sendo indisciplinado
Portanto, a indisciplina nos dias atuais deve ser vista como um "fenômeno interativo que ocorre no contexto de sala de aula".(Amado, 2001 p.17). Dessa forma, a indisciplina escolar está intimamente ligada a tudo que diz respeito ao ensino, aos objetivos, às práticas e perspectivas que a orientam.
A indisciplina relacionada a uma interpretação do poder nos oferece um entendimento que varia de acordo com a interpretação que é dada à indisciplina em sala de aula, pois o que pode ser indisciplina para um professor pode não ser para outro (CURTO, 1998, p. 34). Em um determinado momento, este "intérprete", o professor, pode considerar um acontecimento como indisciplina, ou não, como certo ou errado, justo ou injusto, criativo ou desafiador (DELGADO e CAEIRO, 2005, p. 23). Da mesma maneira que a indisciplina pode estar relacionada à interpretação daquele que pensa deter o poder — e que muitas vezes se confunde com a autoridade —, ela pode fazer com que a noção de autoridade seja questionada.
A indisciplina vivenciada por alguns docentes pode ser a evidência de que algo está errado em sala de aula, seja pela postura de alunos que não fazem silêncio durante as aulas, seja pela não-participação deles nas atividades. A indisciplina, segundo Vasconcellos (2004, p. 95), pode ser ativa, na qual o aluno faz bagunça, ou passiva: quando o professor até consegue silêncio, mas não a interação com seus educandos. Por essa razão, vislumbra-se a necessidade de uma atitude interpretativa para a indisciplina escolar, levando-se em consideração que pensar a indisciplina enquanto acontecimento de uma aula implica pensar numa multiplicidade de aspectos, a começar pelo modo como os fatos são interpretados pelos indivíduos intervenientes — para além das diversas situações de âmbito externo ao processo (DELGADO e CAEIRO, 2005, p. 24).
Quanto à noção de um contrapoder na escola, Curto (1998, p. 29-39) aponta que o professor não é o único detentor de poder na sala de aula. Os alunos também ocupam uma posição social e desenvolvem esse atributo. Dessa forma, docentes e discentes possuem poderes e objetivos que, muitas vezes, são divergentes e podem desencadear conflitos, mas é em sala de aula que ambos os poderes se confrontam. A indisciplina escolar resultaria, segundo esse autor, do poder de contestação dos alunos, tendo-se em vista os mais variados objetivos, dentre eles, o ritmo da aula e do professor, os conteúdos programáticos, bem como o distanciamento da escola e da aula ante a realidade do aluno.
Neste ponto, a indisciplina pode estar atrelada ao professor na medida em que se fala de um relacionamento entre docente e aluno. Assim, ambos podem estar trabalhando em conjunto no entendimento do que consideram indisciplina, já que essa compreensão também está vinculada à interpretação dos sujeitos escolares. Da mesma maneira, entendemos que a indisciplina e autoridade docente podem estar conectadas de forma produtiva, fazendo com que professor e aluno construam conjuntamente o vínculo de autoridade e disciplina, entendendo que esta última pode auxiliar nesse contínuo processo de construção.
Em geral, o trabalho docente é compreendido a partir da equação "ensina-se algo, de alguma forma", preocupando-se apenas com a associação dos conteúdos específicos e métodos utilizados. Um terceiro fator deve ser acrescentado, o da dimensão ética do trabalho docente. Assim, a fórmula pedagógica seria "ensina-se algo, de alguma forma, a alguém específico", delimitando um valor humano e social a esta relação.
Grande parte dos problemas enfrentados hoje, relacionados à indisciplina evocam a questão do "para quê escola?", ideia que parece apontar na mesma direção para a qual o aluno indisciplinado nos chama. Essa questão tem de estar muito bem resolvida para os professores, profissionais privilegiados da educação, que devem ter clareza quanto a seu papel e ao valor do seu trabalho.
Neste sentido, é dever de todos da área educacional se preparar e, principalmente, se disponibilizar a atender às demandas de todo o público discente. Só assim venceremos as barreiras de comportamento, unindo finalmente o real ao ideal!
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/21668/1/O-Desafio-da-Disciplina-na-Sala-de-Aula/pagina1.html#ixzz0xZth4hSd