sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A concepção de currículo na escola pública

A concepção de currículo na escola pública: elementos a considerar na construção do Projeto
Político-Pedagógico e da Proposta Pedagógica Curricular


Esta SEED, em referência a toda discussão política e histórica, fundamentada na defesa da autonomia escolar, adota a nomenclatura proposta pela categoria dos profissionais da educação da década de 1980, Projeto Político-Pedagógico, que contém a Proposta Pedagógica Curricular da escola. Entende-se que os princípios que fundamentam a concepção de educação, de homem, de mundo, de sociedade, bem como, de ensino e aprendizagem e que, por sua vez, definem o currículo, estão postos no Projeto Político- Pedagógico.
Além destes princípios e conceitos, o PPP explicita o diagnóstico da escola e sua prática pedagógica, mobilizando o Plano de Ação da escola. O PPP, assim, se organiza a partir do movimento que passa pelo diagnóstico da prática pedagógica, que, por sua vez, demanda um plano de ação. Esta ação se desenvolverá fundamentada nas concepções voltadas para a escola pública e na legislação vigente.
Importa ressaltar que este é um movimento dialético, que implica o trabalho constante de análise da prática pedagógica e decorrente revisão do Projeto Político Pedagógico pelos profissionais da educação e comunidade escolar. Reafirme-se que a Proposta Pedagógica Curricular é parte integrante do projeto maior da escola o PPP, pela via da organização do conhecimento no currículo.
É importante destacar, mais uma vez, a opção pela organização disciplinar do currículo tomando-o na perspectiva interdisciplinar. A interdisciplinaridade se fundamenta no conceito de totalidade apresentado nas DCE da Educação Básica: Deste modo, explicita-se que as disciplinas escolares não são herméticas, fechadas em si, mas, a partir de suas especialidades, chamam umas às outras e, em conjunto, ampliam a abordagem dos conteúdos de modo que se busque, cada vez mais, a totalidade, numa prática pedagógica que leve em conta as dimensões científica, filosófica e artística (2008, p 29).
Embora haja muitas discussões necessárias, do ponto de vista do currículo, sobre a superação da fragmentação do conhecimento, ainda há de se destacar que a produção do conhecimento histórico, filosófico, artístico e científico foi organizada e aprofundada a partir de suas áreas de referência. Cada disciplina contextualiza os interesses políticos, econômicos e sociais que interferiram na seleção dos conteúdos e nas práticas de ensino trabalhados na escola básica. Portanto, elas são indispensáveis no processo de socialização e sistematização dos conhecimentos (DUARTE, FANK, TAQUES, LEUTZ, CARVALHO, 2009, 3176).
A opção pelos conteúdos de ensino nunca será neutra no sentido de estar eximida de uma intencionalidade, seja para a emancipação dos sujeitos de sua condição histórica de dominação, de discriminação ou exclusão social, seja para pensar num projeto social maior, que possibilite o reconhecimento, a identidade e a inclusão destes sujeitos que fazem a história. A escolha do conteúdo e da forma como tratá-lo expressará esta intenção.
Entendendo, então, que a Proposta Pedagógica Curricular expressa esta intencionalidade – manifesta no Projeto Político-Pedagógico, o qual por sua vez, revela o projeto social que se pretende – será a partir desses documentos que o professor realizará o seu Plano de Trabalho Docente, ou seja o seu planejamento.
O plano é a representação escrita do planejamento do professor. Nesse sentido, ele contempla o recorte do conteúdo selecionado para um dado período. Tal conteúdo traz consigo essa intencionalidade que se expressa nos critérios de avaliação. Para que isto se efetive, o professor deve ter clareza do que o aluno deve aprender (conteúdos), o porquê aprender tais conteúdos (intencionalidade, objetivos), como trabalhá-los em sala (encaminhamentos metodológicos) e como serão avaliados (critérios e instrumentos de avaliação). Neste momento, o projeto de sociedade chega ao currículo, mas somente se efetivará se, de fato, se concretizar na sala de aula. Ou seja, a partir da proposta pedagógica, o professor planeja suas aulas e organiza seu Plano de Trabalho Docente. É o currículo em ação. (DUARTE, FANK, TAQUES, LEUTZ, CARVALHO, 2009, p. 3179). É pela via da escola que os sujeitos terão acesso aos conhecimentos e à cultura produzida historicamente, é por meio deles que esses sujeitos podem se entender como parte determinante da história.


(Síntese realizada pela Pedagoga Patricia Toaldo)

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