quarta-feira, 21 de novembro de 2012

MATRIZ CURRICULAR

Nota da APP-Sindicato sobre a matriz curricular



Leia a nota da entidade e conheça a proposta preliminar apresentada pela Seed

No último dia 9, a APP-Sindicato se reuniu com a Secretaria de Estado da Educação (Seed) para tratar da pauta da categoria. Na ocasião, a superintendente de Educação Meroujy Cavet apresentou a proposta de matriz curricular unificada que o governo estuda implantar na rede estadual de ensino no próximo ano. Após analisar a proposta, que, de acordo com a Secretaria, é preliminar, a entidade redigiu e enviou à Seed uma nota oficial sobre o tema. Leia, abaixo, a análise da APP e também conheça a proposta apresentada pela Secretaria de Educação.

NOTA DA APP-SINDICATO SOBRE MATRIZ CURRICULAR

Ao longo de sua história a APP-Sindicato tem reafirmado a defesa da Escola Pública, Gratuita e de Qualidade para todos/as. Defesa que implica, entre outras questões, na permanente luta pela socialização e construção coletiva do conhecimento, pela possibilidade de ver e rever nossas práticas, democratizando-as cada vez mais na perspectiva da transformação da sociedade.
Dessa forma, a direção estadual da APP entende que no que diz respeito à revisão da matriz curricular no sistema de ensino do Estado, se faz necessário e urgente, primeiramente, uma ampla discussão entre os trabalhadores/as em educação no âmbito dos espaços organizativos e representativos da categoria. A discussão de currículo é aqui entendida como resultado de escolhas intencionais que fazemos dentro do imenso conjunto de conhecimentos produzidos pela humanidade e que são essenciais na formação da consciência, da cultura e da emancipação dos sujeitos históricos.
O sindicato sempre se colocou à disposição para fazer esse debate com a Secretaria de Estado da Educação, visto o acúmulo que tivemos ao longo de muitas conferências, seminários e congressos realizados com a categoria na perspectiva de construção da escola que queremos. A consulta pública disponibilizada aos professores e alunos sobre o Ensino Médio não permitiu nenhum subsídio para que pudéssemos debater sobre a reformulação da matriz curricular. Nenhum dos sujeitos envolvidos no processo foi consultado por qualquer outro método que legitimasse a proposta de revisão conforme a Secretaria de Estado da Educação do Paraná tem afirmado à imprensa.
No momento em que temos uma proposição de alteração da matriz curricular deslocado do debate da concepção de currículo que construímos, e o que queremos para nossas escolas, reiteramos a necessidade do debate com a categoria através da APP-Sindicato.
Neste sentido, reafirmamos princípios históricos defendidos quando discutimos a organização curricular de nossas escolas. Defendemos que o conhecimento trabalhado em sala de aula seja emancipador. E para que isso aconteça, as condições de trabalho são essenciais. A proposta da Seed tem o mérito de ampliação da carga horária, mas, ao mesmo tempo, interfere significativamente na consolidação de algumas disciplinas. Entendemos que, no presente momento, o ideal seria construirmos, juntos, uma matriz curricular com 30 aulas. Contemplando-se, assim, a totalidade do processo de aprendizagem. Assim, reafirmamos nosso posicionamento em relação à proposta apresentada pela Seed:

1) Nenhuma disciplina pode ter menos de duas aulas semanais;

2) A autonomia das escolas, princípio contemplado na Deliberação 14/1999 do Conselho Estadual de Educação, deve ser respeitada, mantendo-se o amplo debate pautado na educação emancipadora e não limitando-se ao número de disciplinas/aulas;

3) Proposição de 28 aulas para implementação de matriz curricular para 2013;

4) A retirada das disciplinas de Produção Textual e Tópicos da Matemática compreendendo que "essas novas disciplinas" estão na Base Nacional Comum de Língua Portuguesa e Matemática;

5) Ofertar a mesma Língua Estrangeira Moderna em todas as séries do Ensino Médio, delegando à comunidade escolar o debate sobre qual oferta. Entendemos que o acúmulo da disciplina ofertada nos três anos favorece a aprendizagem;

6) Referente à matriz curricular do Ensino Médio Noturno, reafirmamos os itens 1, 4 e 5. Assim, solicitamos que a discussão de revisão da matriz curricular seja realizada com amplo debate nas escolas imediatamente e/ou no inicio do próximo ano letivo (2013) com condições efetivas para que a comunidade escolar organizada nos seus espaços de representação possa repensar a organização curricular.

DIREÇÃO ESTADUAL DA APP-SINDICATO

Curitiba, 13 de novembro de 2012

Clique no link abaixo e confira as propostas de Matriz Curricular da SEED:




QUESTIONAMENTOS

1. Quais seriam as vantagens da alteração de Matriz Curricular para a SEED?

2. Pensando em nossa escola, qual sua posição sobre mudança de Matriz, neste momento?


WEB CONFERÊNCIA - SEED
Seguem os links da WEB direcionada aos Pedagogos, Professores e comunidade escolar para a realização dos trabalhos de divulgação da Matriz Curricular na escola.

O Chat Interativo para a comunidade escolar esatrá disponível no dia 26/11/2012 nos períodos da manhã, tarde e noite.
Nesse dia toda a comunidade é convidada a participar, dando suas opiniões e sugestões.


Orientações da Matriz Curricular direcionada aos pedagogos(as) e diretores(as) dos estabelecimentos de ensino.
Parte 1
Título: DEB_SEED_19_11_16:00
Duração: 00:26:41
URL para visualização: http://webconf2.rnp.br/p2v5fneh799/
Carregado em: 20/11/2012 11:01

Parte 2
Título: DEB_SEED_19_11_16:40
Duração: 00:47:46
URL para visualização: http://webconf2.rnp.br/p1c7hmsgo6y/
Carregado em: 20/11/2012 12:09

21 comentários:

  1. Com relação ao Ensino Fundamental, o aumento na carga horária de Matemática e Língua Portuguesa possibilitará a contemplação de todos os conteúdos previstos nas diretrizes, o que facilitará em muito a aprendizagem do aluno. No entanto, em contrapartida, as demais disciplinas cuja carga horária foi reduzida serão prejudicadas em relação aos conteúdos. É fato que, para se aumentar a carga horária de algumas disciplinas seria necessário a diminuição de outras e o ideal seria se pudéssemos ter esse aumento, incluindo uma sexta aula diária.
    Com relação ao Ensino Médio, concordamos com as propostas do sindicato para que o coletivo das disciplinas não seja prejudicado. Sendo assim, percebesse que a inclusão da sexta aula, tanto no EF como no EM, se faz necessário.
    Vale ressaltar que, de nada adianta alteração na matriz curricular se continuarmos com o excesso de alunos em sala de aula. É necessário se estabelecer, urgentemente, um número máximo de alunos por turma e que esse máximo seja, rigorosamente, respeitado.
    Professoras: Débora, Grazi, Andreia e Silvana.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá meninas poderosas!
      Condorcom os os argumentos aqui apresentados e reitero a sugestão: uma grade que amplie as aulas e não as reduza. Caso contrário do belo discurso de "formar alunos críticos e capazes de atuarem na modificação da sociedade, ou não" deverá ser retirado de nossas falas e dos documentos escolares.
      Abraços!
      Salvina - Sociologia

      Excluir
  2. Aumentar a carga horária não irá melhorar o ensino, não precisamos de “malabarismos” curriculares. As mudanças (quando necessárias) deverão ocorrer nas metodologias de ensino para a formação do cidadão, despertando a critica em relação ao mundo na atualidade, formando uma sociedade transformadora em seu meio. A base comum é onde o aluno adquire estrutura para seguir seus estudos conforme os níveis alcançados, aumentar aulas diversificadas não resultará em benefícios, mas sim implicará na perda de conteúdo de outras áreas de conhecimento com tamanha importância.

    ResponderExcluir
  3. Algumas medidas seriam mais eficientes do que a proposta de mudança na grade curricular pela SEED, como a redução do número de alunos por turma, mais autonomia do Colégio em relação aos alunos que não se enquadram as normas do mesmo e só atrapalham os alunos interessados em aprender. Estamos passando por uma fase onde os recursos tecnológicos estão interferindo negativamente no estudos dos alunos, que apesar do acesso a diversas tecnologias, não a utilizam de maneira racional, servindo apenas para interesses sociais e perdendo uma grande oportunidade de evoluir nos estudos e enquanto pessoa. Em relação a Ed. Física, temos redução de 3 para 2 aulas no 6º, 7º, e 8º ano e isso representa cada vez mais a cultura do sedentarismo e indo contra os princípios da OMS e de diversos estudos em relação a obesidade infantil. Está na hora de pensar na Escola com mais seriedade e menos política popular.
    Professor: Cassio Trevisan

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Faço uma ressalva em suas considerações (vigorosas e contundentes), tendo em vista o aspecto legal de proposta sua quando diz: "mais autonomia do Colégio em relação aos alunos que não se enquadram as normas do mesmo e só atrapalham os alunos interessados em aprender."
      O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8.069/90), coloca o direito à educação como um dos requisitos básicos para a construção da sociabilidade e da cidadania. Desta ótica, a garantia de acesso e permanência na escola são encarados como direitos a serem tutelados pelo Estado. E como nossa escola é pública, a tutela por nós aceita é a do Estado.
      Também existe a Deliberação nº20/91-CEE a qual diz que, por imposição legal, os estabelecimentos de ensino não podem inserir a exclusão da escola como uma das penalidades a serem impostas aos alunos (ou seja, essa autonomia para a escola não será dada. Expulsão de aluno era permitido até o final dos anos 80).
      De acordo com os profissionais de legislação e técnicos educacionais, expulsar o aluno da escola é, pura e simplesmente, demissão de responsabilidade da escola, enquanto espaço educativo; do professor, enquanto agente corresponsável do processo educativo.
      Compreende-se que a expulsão não esconde seu significado de supressão simbólica do indivíduo que é motivo de incômodo e se constitui em permanente desafio à nossa competência/autoridade.
      Ela é, psicologicamente, equivalente à pena de morte no âmbito do Estado: para não termos de lidar com um problema para qual não encontramos solução, apagamo-lo do universo de nossa consciência, eliminando-o para sempre ... (nem que isto signifique enviá-lo para a escola do quarteirão vizinho!).
      Desse modo, não encontra justificativa, pois, nem o plano pedagógico, nem no jurídico, a prática ostensiva ou velada, explicita ou disfarça por apelidos, da exclusão do aluno da escola.

      Excluir
  4. José Melquíades Ursi22 de novembro de 2012 às 20:08

    “INTELLIGENTI PAUCA”

    Não há como não manter a honestidade intelectual para essa discussão de relevo. Parte-se do pressuposto de que qualquer discussão de tal monta, não dispense tempo de igual tamanho, o que não nos foi oferecido, sobretudo para sugestões e discussões anteriores sobre um tema em pauta há vários meses. O tempo oferecido para sugestões de mudança de tal amplitude, ainda mais em final de ano, quando todos os professores preparam-se para o fechamento de notas soa como um desafio inadequado, para não dispensar palavras mais exigentes e, quem sabe, mais incisivas. Dois dias apenas. Essa a oportunidade a nós ”agraciada”.

    Como professor de filosofia solicito aos alunos criarem um texto sobre seu cão, a partir de algumas categorias de Aristóteles, tais como substância, qualidade, tempo, lugar, posição (postura ativa ou passiva), relação, etc. Não tenho a menor dúvida ou receio de que o aluno criará um texto com início, meio e fim, ainda que simples. Ao mesmo tempo, sua composição incorrerá em erros de ortografia e gramática. Ninguém escreve bem se não aprender a pensar, se não desenvolver uma linguagem reflexiva. Lembro-me agora uma das últimas entrevistas com Paulo Leminski. Ao perguntar, o jornalista observa seu espanto mais ou menos nos seguintes termos: “Paulo, você está escrevendo cada vez melhor”. Ao que o poeta retruca: “Engano seu. Eu apenas penso cada vez melhor”.

    Meu tempo, que não é de relógio, retroage à experiência feita com professores de português há muitos anos atrás, obrigados à correção de pelo menos uma redação semanal. Somado o tempo dispensado para a correção, já não tinham tempo para si mesmos e, por consequência, para as famílias que acabavam destruídas. Pois é, obrigado a assumir apenas uma aula por turma, professores serão submetidos à carga de 32 cadernetas, ou livro de registro. Não importa o desaforo do termo. Um horror, ou não? Acho que essa proposta alimentará a raiva e espalhará até mesmo o ódio. Sugiro a ressurreição de Gandhi para que se resgate a revolução do compartilhamento e da paz. Por isso, iniciei com o título “Intelligenti pauca”. E a tradução, mesmo não se fazendo literal, espalhem por aí: “A bom entendedor poucas palavras bastam”. No literal: ”Aos inteligentes poucas coisas”. Mesmo porque tenho centenas de provas para corrigir. Se gastar apenas dois minutos em cada, não me sobrará tempo nem mesmo para sorver a cerveja de uma só latinha no meu final de semana.

    José Melquíades Ursi (Filosofia e Sociologia)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nossa só de pensar já dá para imaginar que loucura, os professores serem submetidos a 32 livros de registro,os professores tamb~em teriam ue ir para outras escolas duas, treis sei lá quantas, será que todos completarão seus padroes, é a vida social do professor é duro mesmo de imaginar.José precisamos todos estarmos unidos, para que estas possíveis mudanças sejam repensadas e melhor ajustadas, um abraço Ana/Arte.

      Excluir
  5. Como acabamos por defender cada um a sua disciplina, então, vale à pena lembrar que a alteração de 4 para 3 aulas de Ciências no 9o. ano não é condizente com a estrutura dessa Disciplina para o respectivo ano, já que os alunos devem ter a compreensão básica de Química e Física, o que torna essa diminuição do número de aulas algo absurdo acarretando um rendimento inferior ao esperado para que obtenhamos o sucesso no conhecimento das ciências.
    Deve-se pensar numa maneira mais justa e menos ofensiva para que a escola pública tenha o merecido conhecimento e respeito, juntamente com todos os seus professores.
    Rogério Larini - Professor de Química e Ciências

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. José Melquíades Ursi22 de novembro de 2012 às 21:33

      Rogério, apoio literalmente seus argumentos. Que história é essa de nos consultarem de afogadilho. O poder público falta ao respeito conosco. Precisamos mesmo demonstrar nossa competência. Não podemos alimentar esse recurso de nos jogarem uns contra os outros. Parabéns.

      José Melquíades Ursi

      Excluir
  6. Cá estamos diante de uma "proposta" que já vem para ficar. Ou seja, propõe-se o que já está decidido. E os técnicos da SEED colocam todos nós, profissionais, num balaio de otários. Dizer, em webconferência, que estão propondo e, ao mesmo tempo, afirmando e reafirmando em forma de decisões tomadas é, no mínimo, menosprezar na cara dura a nossa capacidade de entender, de pensar, de interpretar e de analisar criticamente.
    Desde que a proposta de alterar a matriz curricular começou, tendo por base os resultados do Paraná no IDEB, fiquei muito assustato e perplexo. Afinal, a partir de um diagnóstico mal elaborado e superficial, a SEED tem tomado como base de análise os instrumentos de avaliaçao (SAEB, IDEB, Prova Brasil) e não o currículo. E isso é uma inversão perigosa no que tange a pedagogia escolar. Quando o instrumento começa a ser mais valorizado que o próprio processo entra-se, inevitavelmente, numa incongruência e numa ingenuidade ridícula.
    Realmente os técnicos da SEED (como bem dizem os profissionais da UFPR) não entendem de educação pública estadual. Estão, sim, preocupados com o marketing do governador do que com educação de qualidade, para todos.
    Decidir, em gabinetes, matrizes curriculares únicas, não condiz com as práticas pedagógicas e decisões administrativas democráticas e transparentes.Está mais do que claro que a reorganização da matriz curricular está partindo de um erro crasso de raciocínio: supor que o simples aumento das aulas de Língua Portuguesa e de Matemática se traduziria em uma “melhora educacional”.
    Não deixemos a "vida nos levar" e assumamos juntos a matriz curricular que, de fato, seja de interesse para nossa escola.

    Alexandro Muhlstedt
    Diretor auxiliar / Pedagogo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. José Melquíades Ursi23 de novembro de 2012 às 12:12

      Sua postura anima-nos. Se continuarmos juntos, não passivamente, mas coesos na reflexão e em atitudes, aos poucos seremos levados aos "técnicos da SEED (como bem dizem os profissionais da UFPR) (que) não entendem de educação pública estadual", como você ressalta,para que a planície da sala de aula seja levada em conta.

      Educação de qualidade só se faz com aplicação de recursos (dinheiro. dim dim) que este país emergente já se gaba de ter. Até o rei da Espanha pede à Presidenta que acolha em nosso país desempregados espanhóis. Quem diria? Então, que esqueçam "o marketing do governador" e proponham a aplicação de verbas gordas em educação, e de forma criteriosa para suprir carências e suprimir cargas inaceitáveis, pois a arrecadação do Estado é cada vez mais consistente.

      Alterações metodológicas e quebra-cabeças de joguinhos não irão nos desunir e nem de longe nos empolgar. Poderão, no máximo, provocar nosso riso irônico.

      Excluir
  7. Reduzir a carga horária de disciplinas como Filosofia, Artes, Histório, Sociologia e outras, para acrescentar à Português e Matemática é um ledo engano.
    O problema no domínio dessas disciplinas encontra-se nos anos iniciais do ensino fundamental onde os alunos até 8 anos de idade não adquirem as competências necessárias para a continuidade de seus estudos.
    Aliás, o IDEB das escolas municipais responsáveis por esses anos de ensino não estariam maquiados em excesso?
    Afinal, notam-se índices altíssimos que não condizem com a realidade dos alunos que chegam no sexto ano (com as defasagens na aprendizagem que são gritantes).
    Ora, se o problema não está no ensino médio porque essa “perversa” intenção? Apenas para um faz de contas?
    Podem dar 10 aulas para português e matemática, o problema não será resolvido e ao contrário, o enburrecimento de nossos alunos aumentará com a falta de disciplinas não mais importantes, porém imprescindíveis na construção da criticidade de nossos alunos.
    É lastimável e a sociedade não pode aplaudir mais esta iniciativa insana desse governo que está aí para desconstruir e contruir no nada…

    Pai de aluno

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá "Pai de Aluno". Agradeço sua postagem pois como professora de Sociologia, Ensino Médio, e História, Ensino Fundamental, concordo com seus argumentos. Nós sentimos a defazagem na alfabetização dos alunos provenientes das escolas municipais, tanto que um bom número não consegue escrever, corretamente, o próprio nome. Sentimos que o governo quer maquear os resultados ds escolas públicas estaduais como tem feito nas municipais, afinal ele sabe bem disso uma ez que governou o município. Por isso o correto é repensar as séries iniciais, promover, de fato, a alfabetização e os conhecimentos fundamentais em matemática.
      Os alunos que pude acompanhar, ao longo dos três anos do Ensino Médio com a Sociologia, conseguiram atingir um nível de análise, pesquisa e argumentação sobre tantos assuntos importantes para a vida de um cidadão consciente de seus direitos e deveres. Tenho certeza que, aqueles que forem para as universidades estarão com condições de enfrentar esse nível de ensino com menos dificuldades que aqueles alunos que não tiveram Sociologia e Filosofia.
      mais uma vez, obrigada por suas considerações.
      Salvina - Sociologia

      Excluir
  8. Compartilho esta importane análise do professor de História e Filosofia, Claudinei Colodel. Dividu em duas partes porque ela extrapola o número de caracteres permitidos.

    “foi pior a emenda do que o soneto"

    Tive oportunidade de assistir ontem à gravação da web-conferência sobre a matriz curricular do dia 19/11 e participei, na escola, da formação continuada no dia 21/11. Curiosamente a web-conferência tentava justificar, com enorme boa vontade mas com pouca convicção, a inserção de duas “sub-disciplinas” (Lembro-me de já ter visto isso em algum outro momento?). O material e orientações enviadas pela SEED para a formação em ação nas escolas versava sobre interdisciplinaridade e as possíveis proposta.. O vídeo retomava a ideia de que é preciso romper com o paradigma do conhecimento acumulado em gavetas que se fecham. Ora, “inventar” mais duas disciplinas é no mínimo um contra-senso. Fico imaginando por exemplo mais um livro de registro para cada professor e o horário especificando para o aluno em que momento o mesmo ou quem sabe até outro professor irá entrar e retomar o básico da matemática ou uma variação de produção de texto argumentativo ou uma aula de literatura.
    Por que não simplesmente dar 5 ou 6 aulas para o professor de matemática e língua portuguesa enquanto estes forem os “alvos” dos instrumentos de avaliação que geram os famigerados índices para financiamento da educação. Será que fazer isso é ilegal? Será que é preciso desenhar uma estratégia como a que foi feita. Na web-conferência, num primeiro momento a frase de impacto “não é fazer mais do mesmo” e depois ao esmiuçar a proposta, apontam que é preciso fazer o mesmo de forma melhor. Chega a ser uma afronta supor que com a inserção de novas disciplinas o professor irá fazer melhor o que já faz bem. O professor só não faz melhor porque não dispõe de tempo e recursos.

    Salvina - Sociologia

    ResponderExcluir
  9. Aí vai a segunda parte da análise do professor Claudinei Colodel...

    E como isso não fosse suficiente a mesma equipe ainda consegue ir além, numa manobra digna de técnicos pedagógicos decidem remover aulas de artes, filosofia, sociologia e LEM. Por favor, como se justifica essa bricolagem educacional. Para escrever e calcular o aluno precisa de tempo, mas parece que para desenvolver a sensibilidade com artes, ter contato com um segundo ou terceiro idioma ou para elaborar conceitos e fazer analises filosófica e sociais é “aceitável” que tenha uma ou menos de uma aula por semana durante o ensino médio.

    Numa análise posterior, evidentemente, não faltarão críticas às esses profissionais “menores” que terão mais dificuldade para realizar o trabalho dentro e fora de sala. Assim haverá quem use isso como argumento para desqualificar a permanência dessas disciplinas no currículo em um novo momento de reformulação. Não lutar por pelo mínimo de duas aulas em todos os anos, nesse momento, implica em progressivo empobrecimento do currículo, mas principalmente implica a desqualificação das disciplinas e dos profissionais dessas disciplinas.

    Filosofia e Sociologia são disciplinas que retornam ao currículo após muita luta e a muito custo estão se estabelecendo na educação básica. Não é com sucessivos e pequenos golpes e subtração de tempo que poderemos nos consolidar e fazer um trabalho que revele nossa contribuição e importância para o amplo desenvolvimento dos alunos.

    Salvina - Sociologia

    ResponderExcluir
  10. As duas partes não foram suficientes. Segue a terceira...

    O MEC aponta para o ensino por áreas, está revendo o uso da Prova Brasil e se voltando cada vez mais para o ENEM como instrumento de avaliação. Enquanto isso no Paraná, o melhor que os nossos professores com cargos comissionados são capazes de oferecer às pessoas que estão na escola pública é SAEP, re-compartimentação das disciplinas de língua portuguesa e matemática, caravanas e prêmios, consultas on-line sem debate e fazendo “conveniente uso” dos dados, repasse de informações parciais sem que se revele o todo e aonde se quer chegar com parcas mudanças.

    Por quê? Eu me pegunto. Por quê? Não me parece ser incompetência. Simplesmente é deliberado. É uma estratégia nefasta para a educação pública, para os educadores do presente e para as gerações futuras. É certo que o “cobertor” da escola pública é curto, mas não é com remendos discretos e mal alinhavados que iremos melhorar a educação. O discurso oficial de fazer a melhor educação do Brasil soa como slogan publicitário vazio que se perde com o atraso no pagamento de avanços, na superficialidade da reforma da matriz curricular e na desconversa sobre os 33% (o certo não seria 1/3 de hora-atividade? Será que o sindicato não vê que o governo está empurrando isso para o ano eleitoral de 2014? Ou será que vê?).

    Não se toca em temas essenciais como os tempos e espaços escolares, organização do trabalho pedagógico, sobre o número dos alunos por turma (ao contrário publica-se notícias falaciosas no portal) a falta de recursos e qualificação dos profissionais que atuam dentro das escolas, problemas com recurso humanos, e carências sociais e necessidades das famílias. Tudo isso, aparentemente e do ponto de vista institucional, não cabe discutir nesse momento. Então, quando e como?

    Será que a solução imediata não passa pela mudança na carga horária ou pelo indesejado empobrecimento curricular? Não seria mais honesto expor a dificuldade, do que enfraquecer discreta e intencionalmente algumas disciplinas. É revoltante o desprezo velado pelo conteúdo e trabalho dos professores dessas disciplinas. Por que esse sufoco, essa pressa? Seria por conta da anterior morosidade, ou seria falta de clareza, ou existem propostas e objetivos inconfessos?

    Sou favorável que o aluno tenha acesso ao ensino de línguas diversas, que professores de língua portuguesa e matemática tenham o tempo necessário com os alunos para prepará-los bem para exames tão específicos, afinal a imprensa ou mídia nativa e golpista tenta formar uma opinião de “criminalização” do professor e da escola de modo geral e pelo baixo rendimento dos alunos. Se nos calarmos diante da forma como essa gestão está tratando o setor público em especial à educação estaremos corroborando essas tendência alardeada pelos meios de comunicação e estaremos depreciando o nosso próprio trabalho. Temos conhecimento, temos uma história, conquistamos avanços não precisamos ficar a mercê da “competência técnica” ou astúcia de uma eventual configuração de gestores da “coisa pública”.

    Arte, Filosofia, Sociologia e Línguas, bem como todas as outras disciplinas ampliam as possibilidades da formação de seres humanos plurais e sensíveis, libertos e autônomos capazes de romperem as amarras e grilhões de um mundo que nos condena ao embrutecimento, alienação, consumo e exploração. Será que as pessoas que cedem suas assinaturas aos documentos da SEED consideram isso? Ou será que elas sabem mais do que nos têm repassado?

    Salvina - Sociologia

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Excelente contribuição, professora Salvina.
      Assim, teremos argumentos mais fortalecidos para sermos ouvidos e mantermos os direitos da escola respeitados. Direitos estes, referendados pela LDB e demais legislações.
      Fico estarrecido com as posições imorais, anti éticas e ilegais dos técnicos da SEED.
      Em que momento pensam, de verdade, na aprendizagem dos alunos?

      Excluir
  11. José Melquíades Ursi24 de novembro de 2012 às 08:34

    Salvina, análise direta, abrangente e precisa com tão poucas palavras. Na mosca.

    ResponderExcluir
  12. A secretaria de Educação afirma e reafirma todas vez que abrem a boca para falar da nova matriz, que “promoveram amplo processo de discussão com a comunidade escolar e consulta pública com professores e estudantes para começar 2013 com uma proposta de matriz curricular referencial nas escolas estaduais”, afirmou . Quando? Onde? Com quem? Quantos estavam ou se estavam presentes? O que significa "AMPLO PROCESSO DE DISCUSSÃO"? E "consulta pública com professores e estudantes"? Isso aconteceu de verdade? Não conheço ninguém que participou desse processo de discussão, nem ao menos a APP.

    Dizer que serão colocadas duas línguas estrangeiras e na verdade fazer um retalho, tirando aulas de língua inglesa daqui, para encaixar outra de espanhol ali, deixando o 2º ano sem nenhuma dessas disciplinas é cercear definitivamente o aluno da escola pública do seu direito de aprender uma língua estrangeira, espaço que para muitos é o único acessível. E dizer que será complementado pelo CELEM, não acredito que vá funcionar bem assim não…
    Fazendo uma pesquisa encontrei que a proposta é contrária ao que prevê a LDB, no artigo 36 , inciso III: " será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição". Estou errada ou o governo vai mudar a LDB?

    Concordo com um colega professor que expressou sua opinião na gazeta do Povo: “Se Língua Estrangeira não é importante para alguns, vejam esta avaliação:O Brasil teve o pior desempenho entre os membros dos países do “BRICS”, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países que disputam para ser a próxima superpotência econômica. O Brasil é o pior no quesito DOMÍNIO DA LÍNGUA INGLESA. É obstáculo para negócios INTERNACIONAIS. (Fonte: Gazeta do Povo). Todas as disciplinas são importantes. Deve-se pensar de forma GLOBALIZADA e não localizada.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Carmem, quanto mais argumentos podermos trazer para as discussões, menos corremos o risco de promover mais retrocesso ainda na educação.
      Por isso aproveito para trazer a sugestão dos professores reunidos nesta sexta-feira (23/11) e disponibilizado pelos Professor Ademir:

      " A reunião do Coletivo de Filosofia e Sociologia da Macro Região Curitiba que contou com a presença de professores de Filosofia, Sociologia, História, Geografia, Arte, LEM concluiu que o melhor agora é não fazer mudança na matriz curricular do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, e fazer no próximo ano um debate de currículo para somente depois discutir matriz curricular. Não queremos a matriz curricular para o Ensino fundamental e médio imposta pelo governo do Paraná. A LDB e a Diberação 14/99 do CEE garante autonomia da escola na escolha da matriz."

      Essa é uma proposição mais acertada para o momento, uma vez que toda mudança precisa de tempo para ser efetivada. E outra questão é a implementação dos 33% de hora atividade para o ano que vem. E a impressão que tenho é isso está relegado para um segundo plano.
      Salvina - Sociologia

      Excluir
  13. Acredito que a melhor forma de resolver esta questão, se realmente a proposta já vem para ficar, então que seja também implementada uma sexta aula, que o pacote seja completo, ao menos as perdas serão menores, estabelecer e cumprir-se a quantidade de alunos ideal por turma fará também a diferença, e que cumpram-se os encaminhamentos durante as séries iniciais, para que este não carregue as perdas no decorrer dos anos seguintes de sua vida escolar.Não devemos tirar o que se conquistou e sim acrescentar novas conquistas. Ana Lucia/Arte.

    ResponderExcluir