Os fragmentos do vídeo apresentado retratam o suicídio de um menino homossexual. O repórter entrevista familiares do menino Iago, de 14 anos, que afirmam que ele era alvo de piadinhas e agressões na escola e em muitos lugares. No relato do irmão, fica explícito que os profissionais da escola não agiam diante das situações de violências (descritas no vídeo), dizendo que não tinham nada a ver com isso. Noutro momento, o repórter entrevista a diretora da escola que afirma ter percebido “que tinha algo de diferente com o estudante” e quando questionada sobre como a escola trabalha com essas questões, a diretora afirma que “está tentando trabalhar esse lado, mas tá difícil”.
É importante problematizar e refletir sobre a forma como as escolas se posicionam diante das violências e violações de direitos que ocorrem nos seus espaços. Essa é uma questão bem ampla e multifacetada e, nesse momento, gostaríamos de discutir especificamente o fato de que, nesse caso, a violência que desencadeou o suicídio estava ligada à homossexualidade. Assim, podemos nos perguntar o que a escola pode fazer para contribuir no processo formativo das/os suas/eus estudantes para que essas/es respeitem e sejam respeitados nos seus direitos.
Responder a essa questão, implica perguntar-se anteriormente sobre como a escola compreende a homossexualidade. Se há na escola, entre as pessoas que nela trabalham, o consenso de que a homossexualidade é uma das expressões da sexualidade, assim como a heterossexualidade e a bissexualidade, esse olhar poderá ser compartilhado com as/os estudantes e toda a comunidade escolar. No entanto, esse consenso nem sempre existe, pois muitos discursos da mídia, de algumas tradições religiosas e mesmo de partidos políticos ainda tratam a homossexualidade como uma patologia, ignorando que, desde 1990, a Organização Mundial de Saúde reconhece que a homossexualidade não constitui uma doença.
Portanto, a escola, instituição de caráter educativo, precisa primar pelo entendimento de que as diferentes orientações sexuais são modos, igualmente válidos, de estabelecer as relações afetivas e sexuais com parceiras/os. Desde que haja acordo entre as/os envolvidos, cabe apenas a cada indivíduo decidir como e com quem relacionar-se afetiva e sexualmente.
Dessa forma, é necessário que a escola promova estudos e momentos de debates entre profissionais e estudantes, no sentido de questionar os preconceitos e normatizações, que durante muito tempo consideraram apenas a heterossexualidade como expressão legítima da sexualidade. Significa também compreender que como funcionárias/os públicas/os no exercício de função pedagógica nas escolas nos é vedado impor nossos princípios religiosos ou pessoais, uma vez que a laicidade é um princípio do estado brasileiro. Por laicidade entende-se o respeito a todas as tradições religiosas e a liberdade de consciência e crença, bem como a desvinculação entre religião e Estado.
Cabe à/ao profissional o conhecimento, respeito e a promoção dos princípios constitucionais que asseguram o direito à vida, à liberdade, à igualdade sem que haja qualquer forma de discriminação. Nesse sentido, é importante considerar e refletir sobre os trechos da Constituição Federal:
Art. 3.º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III- ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
V- são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 227.º É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Os marcos legais acima descritos nos permitem refletir sobre qual seria a atuação desejável de uma escola para que alunos, como o Iago, se sentissem acolhidos e respeitados.
Importa também refletir sobre como a escola pode contribuir na formação dos sujeitos que conviviam com o Iago, que o agrediam, que o humilhavam.
Tendo em vista o texto legal acima citado, é importante que o grupo avalie a atitude da escola do referido aluno e pense em formas para a escola conduzir casos como esses.
SUGESTÕES
LEITURA: Sexualidade
PARANÁ, Caderno Temático de Sexualidade. Curitiba: SEED – Imprensa Oficial do Paraná, 2009.
LEITURA: Enfrentamento à Violência na Escola
Para a discussão e fundamentação teórico-metodológica sobre violência na escola sugere-se consultar: PARANÁ, Enfrentamento à Violência na Escola. Volume 01, Curitiba: SEED – Imprensa Oficial do Paraná, 2008.
LEITURA: Gênero e Diversidade na Escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais
Material de um curso cujo objetivo é contribuir para a formação continuada de profissionais de educação da rede pública de ensino acerca dessas três questões, tratando articuladamente: as relações de gênero, as relações étnico-raciais e a diversidade de orientação sexual.
LEITURA: Gênero e Diversidade Sexual
Caderno elaborado pela APP-Sindicato para subsidiar a II etapa do curso de extensão "Gênero, Etnia e Diversidade Sexual" realizado em conjunto com a Unioeste.
VÍDEO: Eu não quero voltar sozinho
Curta metragem que mostra a vivência da homossexualidade masculina no espaço escolar.
VÍDEO: Vida Maria
Curta metragem que promove uma reflexão sobre a mulher, permitindo pensar sobre a construção do gênero (feminino e masculino) nos contextos sociais.
VÍDEO: Boneca na Mochila
Curta metragem que faz a discussão sobre as dificuldades da escola em compreender a formação da identidade de gênero, independente da orientação sexual. Aborda também as dificuldades de educadoras/es diante da homossexualidade.
SUGESTÕES
LEITURA: Sexualidade
PARANÁ, Caderno Temático de Sexualidade. Curitiba: SEED – Imprensa Oficial do Paraná, 2009.
LEITURA: Enfrentamento à Violência na Escola
Para a discussão e fundamentação teórico-metodológica sobre violência na escola sugere-se consultar: PARANÁ, Enfrentamento à Violência na Escola. Volume 01, Curitiba: SEED – Imprensa Oficial do Paraná, 2008.
LEITURA: Gênero e Diversidade na Escola: formação de professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais
Material de um curso cujo objetivo é contribuir para a formação continuada de profissionais de educação da rede pública de ensino acerca dessas três questões, tratando articuladamente: as relações de gênero, as relações étnico-raciais e a diversidade de orientação sexual.
LEITURA: Gênero e Diversidade Sexual
Caderno elaborado pela APP-Sindicato para subsidiar a II etapa do curso de extensão "Gênero, Etnia e Diversidade Sexual" realizado em conjunto com a Unioeste.
VÍDEO: Eu não quero voltar sozinho
Curta metragem que mostra a vivência da homossexualidade masculina no espaço escolar.
VÍDEO: Vida Maria
Curta metragem que promove uma reflexão sobre a mulher, permitindo pensar sobre a construção do gênero (feminino e masculino) nos contextos sociais.
VÍDEO: Boneca na Mochila
Curta metragem que faz a discussão sobre as dificuldades da escola em compreender a formação da identidade de gênero, independente da orientação sexual. Aborda também as dificuldades de educadoras/es diante da homossexualidade.
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QUESTIONAMENTOS
1. A escola vem tratando do tema com o conjunto das/os estudantes?
2. Ao se omitir sobre o tema, a escola está contribuindo para o processo formativo das/os estudantes?
3. A escola pode ser considerada responsável pelo que aconteceu ao aluno?
4. Que atitude a escola poderia ter tomado ao deparar-se com as situações de violência que ocorriam com o estudante?
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5. Como cada um vem abordando a temática da diversidade nas suas práticas de docência?
6. Quais as possibilidades de abordagem vislumbradas para o Plano de Trabalho Docente após essa oficina?
1 - Não.
ResponderExcluir2 - Não.
3 - Não.
4 - Para tomarmos atitude quanto a esse vídeo ele deveria ser mais conclusivo e consistente, o vídeo deixou claro que a culpa é da escola e do professor, o que não é verdade, visto que faltou informação sobre toda a "carga" de vida do menino.
5 - Não vemos necessidade de abordar tal tema em nossas Disciplinas, o que poderia causar um desconforto para alguns alunos e que isto deve ser mais um caso para ser tratado no âmbito familiar, ao mesmo tempo em que nós, professores destas áreas, não fomos preparados para trabalhar esse tema.
6 - Sem necessidade de abordagem e difícil conciliar com os conteúdos específicos de cada disciplina.
Professores Rogério (Química) e Tatiana (Física)
Em relação às questões 1, 2 e 3, realmente, não podemos responsabilizar a escola, muito menos o professores diretamente, por uma posição que sequer a sociedade como um todo consegue tratar.
ExcluirAs demais questões tratam de posicionamentos que dependem de estrutura para serem tomados, portanto, enquanto não se for delegada maior autoridade aos docentes, nenhum tipo de assunto será tratado com qualidade.
1. A escola vem tratando do tema com o conjunto das/os estudantes?
ResponderExcluirNão, pois estamos carentes de meios para estabelecer limites dentro de uma sala de aula lotada que resulta em falta de autoridade para docente.
2. Ao se omitir sobre o tema, a escola está contribuindo para o processo formativo das/os estudantes?
A escola não é omissa, apenas não tem estrutura, muitas vezes, física, humana e cognitiva para tratar do assunto.
3. A escola pode ser considerada responsável pelo que aconteceu ao aluno?
Não, a sociedade é responsável, não podemos atribuir a culpa a uma única instituição.
4. Que atitude a escola poderia ter tomado ao deparar-se com as situações de violência que ocorriam com o estudante?
O vídeo é tendencioso, a escola não sabia o que estava ocorrendo, não aparece no relato, em nenhum momento, a participação dos pais na tentativa de informar à escola sobre o que vinha ocorrendo com o aluno.
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5. Como cada um vem abordando a temática da diversidade nas suas práticas de docência?
Sempre que o assunto aparece, busca-se mostrar aos alunos que é preciso mais tolerância e respeito em relação a qualquer que seja a “diferença” existente.
6. Quais as possibilidades de abordagem vislumbradas para o Plano de Trabalho Docente após essa oficina?
Através de textos e interpretações, proporcionando debates.
Por: Heliete Cordeiro de Souza e Laís Cordeiro (Língua Portuguesa)
Bem colocado Professora, realmente a escola não é e nem foi omissa, ao mesmo tempo não estamos preparados para estabelecer certos limites, já que a culpa não deve recair sobre uma única instituição, mas sim sobre a sociedade como um todo.
ExcluirO vídeo é bastante tendencioso, vago e inconsistente.
Devemos sim trabalhar a tolerância e respeito indiferente do credo, opção sexual e etnia.
Professores Rogério (Química) e Tatiana (Física)
1. De modo geral esses conteúdos säo contemplados nas aulas de Sociologia e Filosofia ou na disciplina de geografia quando se discute IDG - INDICE GERAL DE GÊNERO.
ResponderExcluirPorem ha possibilidades em discutir o tema em outros componentes curriculares, como Ed. física, Portugues, história e artes.
2.Sem dúvida. Portanto cabe aos educadores agucar a sensibilidade, observando atentamente cada realidade e em situacoes oportunas e adequadas
sob devido respaldo teórico, abordar o tema de forma construtiva e positiva, sem ser de forma impositiva.
3.Achamos que näo. O fato se deu em consequencia de inúmeros fatores anteriores a escolarizacao do aluno.
4.Ter investigado todos os envolvidos de forma ágil, discreta e coerente, procurando dirimir encaminhamentos específicos para amenizar ou até resolver a sistuacao naquela turma.
5.De acordo com temas relacionados e coerentes.
6.Como eixos transversais ou quando surgem oprtunidades diante dos conteúdos curriculares.
Prof. Euclides Muller e Prof. Joceli
1- De acordo com o primeiro video a escola não trabalhou a temática com estudantes, professores e familiares, explicito na fala do irmão do estudante que quando questionada a professora não tomou nenhuma atitude. Isto esta presente na fala da diretora da escola quando ela disse que a instituição esta tentando trabalhar mas esta difícil.
ResponderExcluir2- Não, justamente por que a escola tem o papel de contribuir com a formação integral do aluno, permeando as suas interações sociais, que também passam pelo ambiente escolar.
3- Parcialmente. Entendemos que a formação dos estudantes também passa pela instituição familiar e suas relações com o meio que esta inserido, não sendo somente no ambiente escolar que este aluno e influenciado.
4- A escola deveria ter chamado os alunos envolvidos e os familiares na tentativa de mediar o conflito existente, afim de orientar e esclarecer os direitos e o respeito que deve existir nas relações entre os discentes, visando assim ampliar o entendimento de uma gestão democrática e participativa que respeita as diversidades e pluralidades.
5- Nas disciplinas da área de humanas principalmente a disciplina de e Sociologia se apresentando inclusive nas Diretrizes Orientadoras Curriculares do Estado do Parana. As demais disciplinas quando as diferentes situações se apresentam no cotidiano abordam a temática, no sentido de ressaltar o respeito mutuo e esclarecer duvidas que possam aparecer
6- Trabalhar a temática através de vídeos, conforme foi demonstrado ou se valendo de situações que venham a ocorrer no cotidiano escolar.
Professores Ariane, Budel e Lislaine
Nomes: Elza Masami, Kelly, Marcus Ribeiro.
ResponderExcluir1. Pelo que o vídeo mostrou, o assunto “Gênero e Diversidade Sexual” não foi tratado com os estudantes naquela escola, pois pode não ter havido uma formação continuada adequada que tratasse deste tema.
2. A omissão sobre qualquer tema que envolva o desenvolvimento humano não contribui, de forma alguma, na formação do aluno, enquanto indivíduo de uma sociedade.
3. A escola pode contribuído para agravar um problema anterior e maior do que o tratado no primeiro vídeo, por não ter trabalhado o assunto de forma adequada com o próprio aluno e com os demais. Portanto, concluímos que a escola não pode ser taxada como a única responsável pelo fato ocorrido.
Também há que se levar em consideração, a fala da vice-diretora, que trata da não manifestação da família, em relação à discriminação sofrida pelo aluno, nas dependências da escola.
4. A escola deveria chamar os responsáveis pelos alunos envolvidos nas agressões, compreendendo a situação e trabalhando formas de contorná-la, afim de evitar agravantes, como o que acabou ocorrendo.
5. Não há uma orientação apropriada sobre o tema, em áreas específicas, como nas disciplinas do ensino profissional. Com esta formação, poderemos tratar nos próximos bimestres o assunto, interligando-o com a disciplina lecionada.
6. Podemos trabalhar com materiais multimídia, que tratem sobre o tema, bem como disponibilizar aos alunos, falas, materiais, palestras e afins, com profissionais capacitados a trabalhar este conteúdo.
1-De forma indireta sim: estes assuntos são trabalhados nos cursos de formação de acordo com as instruções da mantenedora, bem como há a orientação para que os mesmos constem e sejam desenvolvidos nos planejamentos. Mas, de forma direta, com planos diretivos, constextualizados e singularizados de ações, práticas e prevenções, não.
ResponderExcluir2-Não. E com isso falhando com relação ao aprendizado da convivência, um dos pilares da educação.
3-Não. Embora, seja citada omissão da professora em certa situação, a família é a grande responsável pela omissão. Bem como, o governo que não divulga e pouco proporciona serviços especializados para este tipo de problema.
4-Recorrer a instâncias superiores e se possível (se houver serviço disponível) encaminhar a serviços especializados.
5-Em filosofia há conteúdos que favorecem a inserção desta temática - Ética e política.
Em Artes há a abordagem de genero nos conteúdos de dança e teatro.
Em geografia a abrordagem de geopolítica dá condições para o tema, em relação às diferenças socio-econômicas.
6-Como os temas são muitos polêmicos e se desdobram em muitos aspectos é preciso um direcionamento no PPC. Bem como, um encaminhamento pedagógico a cada tempo de planejamento semestral.
Ana Lucia, Íris e Micheli.