Nas aulas de Arte é
necessária a unidade de abordagem dos conteúdos estruturantes, em
um encaminhamento metodológico orgânico, onde o conhecimento, as
práticas e a fruição artística estejam presentes em todos os
momentos da prática pedagógica, em todas as séries da Educação
Básica.
Para preparar as aulas, é
preciso considerar para quem elas serão ministradas,
como, por que e o que
será trabalhado, tomando-se a escola como espaço de conhecimento.
Dessa forma, devem-se contemplar, na metodologia do ensino da arte,
três momentos da organização pedagógica:
• Teorizar:
fundamenta e possibilita ao aluno que perceba e aproprie a obra
artística, bem como, desenvolva um trabalho artístico para formar
conceitos artísticos
• Sentir
e perceber:
são as formas de apreciação, fruição, leitura e acesso à obra
de arte
• Trabalho
artístico:
é a prática criativa, o exercício com os elementos que compõe uma
obra de arte
O trabalho em sala poderá
iniciar por qualquer um desses momentos, ou pelos três
simultaneamente. Ao final das atividades, em uma ou várias aulas,
espera-se que o aluno tenha vivenciado cada um deles.
Teorizar
Teorizar é a parte do
trabalho metodológico que privilegia a cognição, em que a
racionalidade opera para apreender o conhecimento historicamente
produzido sobre arte.
Tal
conhecimento em arte é alcançado pelo trabalho com os conteúdos
estruturantes elementos
formais, composição, movimentos e períodos,
abordados nas Artes Visuais, Dança, Música e Teatro. Esse
conhecimento se efetiva quando os três momentos da metodologia são
trabalhados.
É imprescindível que o
professor considere a origem cultural e o grupo social dos
alunos e que trabalhe nas
aulas os conhecimentos originados pela comunidade. Também é
importante que discuta como as manifestações artísticas podem
produzir significado de vida aos alunos, tanto na criação como na
fruição de uma obra. Além disso, é preciso que ele reconheça a
possibilidade do caráter provisório do conhecimento em arte, em
função da mudança de valores culturais que pode ocorrer através
do tempo nas diferentes sociedades e modos de produção.
Assim, o conteúdo deve
ser contextualizado pelo aluno, para que ele compreenda a obra
artística e a arte como um campo do conhecimento humano, produto da
criação e do trabalho de sujeitos, histórica e socialmente
datados.
Sentir e perceber
No processo pedagógico,
os alunos devem ter acesso às obras de Música, Teatro, Dança e
Artes Visuais para que se familiarizem com as diversas formas de
produção artística. Trata-se de envolver a apreciação e
apropriação dos objetos da natureza e da cultura em uma dimensão
estética.
A percepção e
apropriação das obras artísticas se dão inicialmente pelos
sentidos. De fato, a fruição e a percepção serão superficiais ou
mais aprofundadas conforme as experiências e conhecimentos em arte
que o aluno tiver em sua vida. O trabalho do professor é de
possibilitar o acesso e mediar a percepção e apropriação dos
conhecimentos sobre arte, para que o aluno possa interpretar as
obras, transcender aparências e apreender, pela arte, aspectos da
realidade humana em sua dimensão singular e social. Ao analisar uma
obra, espera-se que o aluno perceba que, no processo de composição,
o artista imprime sua visão de mundo, a ideologia com a qual se
identifica, o seu momento histórico e outras determinações
sociais. Além de o artista ser um sujeito histórico e social, é
também singular, e na sua obra apresenta uma nova realidade social.
Para o trabalho com os
produtos da indústria cultural, é importante perceber os mecanismos
de padronização excessiva dos bens culturais, da homogeneização
do gosto e da ampliação do consumo.
A filósofa Marilena
Chauí (2003) apresenta alguns efeitos da massificação da indústria
cultural que constituem referência para este trabalho pedagógico.
Para Chauí, em função das interferências da indústria cultural,
as produções artísticas correm riscos em sua força simbólica, de
modo que ficam sujeitas a:
• perda
da expressividade:
tendem a tornar-se reprodutivas e repetitivas;
• empobrecimento
do trabalho criador:
tendem a tornar-se eventos para consumo;
• redução
da experimentação e invenção do novo:
tendem a supervalorizar a moda e o consumo;
• efemeridade:
tendem a tornar-se parte do mercado da moda, passageiro, sem passado
e sem futuro;
• perda
de conhecimentos:
tendem a tornar-se dissimulação da realidade, ilusão
falsificadora, publicidade e propaganda.
Ressalta-se ainda que a
humanização dos objetos e dos sentidos se faz pela apropriação do
conhecimento sistematizado em arte, tanto pela percepção quanto
pelo trabalho artístico.
Trabalho Artístico
A prática artística –
o trabalho criador – é expressão privilegiada, é o exercício da
imaginação e criação. Apesar das dificuldades que a escola
apresenta para desenvolver essa prática, ela é fundamental, pois a
arte não pode ser apreendida somente de forma abstrata. De fato, o
processo de produção do aluno acontece quando ele interioriza e se
familiariza com os processos artísticos e humaniza seus sentidos.
Essa
abordagem metodológica é essencial no processo pedagógico em Arte.
Os três aspectos metodológicos abordados nesta Diretriz –
teorizar,
sentir e perceber e trabalho artístico –
são importantes porque sendo interdependentes, permitem que as aulas
sejam planejadas com recursos e encaminhamentos específicos. O
encaminhamento do trabalho pode ser escolhido pelo professor,
entretanto, interessa que o aluno realize trabalhos referentes ao
sentir e perceber, ao teorizar e ao trabalho artístico.
SUGESTÕES DE
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Artes Visuais
Sugere-se para a prática
pedagógica, que o professor aborde, além da produção
pictórica de
conhecimento universal e artistas consagrados, também formas e
imagens de diferentes aspectos presentes nas sociedades
contemporâneas. O cinema, televisão, vídeoclipe e outros são
formas artísticas, constituídas pelas quatro áreas de Arte, onde a
imagem tem uma referência fundamental, compostas por imagens
bidimensionais e tridimensionais. Por isso, sugere-se que a prática
pedagógica parta da análise e produção de trabalhos artísticos
relacionados a conteúdos de composição em Artes Visuais, tais
como:
• imagens
bidimensionais:
desenhos, pinturas, gravuras, fotografia, propaganda visual;
• imagens
tridimensionais:
esculturas, instalações, produções arquitetônicas;
Os conteúdos devem estar
relacionados com a realidade do aluno e do seu entorno. Nessa
seleção, o professor pode considerar artistas, produções
artísticas e bens culturais da região, bem como outras produções
de caráter universal. Assim, é importante o trabalho com as mídias
que fazem parte do cotidiano das crianças, adolescentes e jovens,
alunos da escola pública.
Uma obra de arte deve ser
entendida como a forma pela qual o artista percebe o mundo, reflete
sua realidade, sua cultura e sua época, dentre outros aspectos. Esse
conjunto de conhecimentos deve ser o ponto de partida para que a
leitura da obra componha a prática pedagógica, que inclui a
experiência do aluno e a aprendizagem pelos elementos percebidos por
ele na obra de arte.
Trabalhar com as artes
visuais sob uma perspectiva histórica e crítica, reafirma a
discussão sobre essa área como processo intelectual e sensível que
permite um olhar sobre a realidade humano-social, e as possibilidades
de transformação desta realidade.
Tal processo pode ser
desenvolvido pelo professor ao estabelecer relações entre
os conhecimentos do aluno
e a imagem proposta, explorando a obra em análises e questionamentos
dos conteúdos das artes visuais. Eis algumas questões propostas:
• O
que vemos?
• Já
vimos isso antes?
• Quantos
e quais elementos visuais percebemos?
• Como
eles estão organizados?
• A
obra foi elaborada por meio de desenho, pintura, fotografia, imagens
produzidas por computação gráfica?
É importante salientar
que o trabalho com a leitura da obra de arte contempla um dos
momentos de encaminhamento metodológico, o sentir e perceber. Para
completar o encaminhamento metodológico é necessário desenvolver
um trabalho artístico, fundamentando este trabalho e a leitura com o
conhecimento teórico da Arte. Outra importante possibilidade de
trabalho é o estabelecimento de relações das artes visuais com as
outras áreas artísticas. A máscara no Teatro, o registro gráfico
da Música ou o figurino e a maquiagem da Dança são exemplos de
relações possíveis. Essa prática pedagógica promove uma forma de
percepção mais completa e aprofundada no que se refere ao
conhecimento em Arte, principalmente ao se trabalhar com as
manifestações populares e midiáticas, que são compostas por todas
as áreas artísticas.
Segue um exemplo de
trabalho com as artes visuais sob a perspectiva teórica proposta
nestas Diretrizes:
-Inicialmente,
o professor poderá pedir que cada aluno desenhe diversas linhas, de
formas e tamanhos diferentes, para juntos observarem e discutirem a
expressividade, o peso, o movimento que cada uma pode ocupar nesse
espaço (teorização).
Depois,
os alunos podem desenvolver composições e criar efeitos de
movimento e de organização do espaço, tendo como referencial o
estudo de linhas já realizado (trabalho
artístico).
Em
seguida, o professor poderá mostrar obras (sentir
e perceber)
de artistas que deram ênfase ao uso de linhas e, também, expor as
composições dos alunos para apreciação e apropriação dos
trabalhos pelos próprios colegas.
Dança
Para o ensino da Dança
na escola, é fundamental buscar no encaminhamento das aulas a
relação dos conteúdos próprios da dança com os elementos
culturais que a compõem. É necessário rever as abordagens
presentes e modificar a ideia de que a Dança aparece somente como
meio ou recurso “para relaxar’, ‘para soltar as emoções’,
‘para expressar-se espontaneamente’, ‘para trabalhar a
coordenação motora’ ou até ‘para acalmar os alunos”
(MARQUES, 2005, p. 23).
A dança tem conteúdos
próprios, capazes de desenvolver aspectos cognitivos que, uma vez
integrados aos processos mentais, possibilitam uma melhor
compreensão estética da Arte.
Os elementos formais da
dança, nestas diretrizes, são:
• movimento
corporal:
o movimento do corpo ou de parte dele num determinado tempo e espaço;
• espaço:
é onde os movimentos acontecem, com utilização total ou parcial do
espaço;
• tempo:
caracteriza a velocidade do movimento corporal (ritmo e duração).
O elemento central da
Dança é o movimento corporal, por isso o trabalho pedagógico pode
basear-se em atividades de experimentação do movimento,
improvisação, em composições coreográficas e processos de
criação (trabalho artístico), tornando o conhecimento
significativo para o aluno, conferindo-lhe sentido a aprendizagem,
por articularem os conteúdos da dança.
Entender a dança como
expressão, compreender as realidades próximas e distantes, perceber
o movimento corporal nos aspectos sociais, culturais e históricos
(teorizar), são elementos fundamentais para alcançar os objetivos
do ensino da dança na escola.
Nas aulas de Arte,
questões sobre “sentir e perceber” devem ser enfocadas pelo
professor, tais como:
• De
que maneira o corpo se movimenta no espaço?
• Que
relações há entre movimento e tempo?
• Quais
passos se repetem com mais frequência na coreografia?
• Há
ocorrência de giros, saltos e quedas?
Essas questões devem ser
observadas em danças realizadas pelos alunos e por grupos amadores e
profissionais.
Além disso, alguns
encaminhamentos podem ser realizados, tais como:
• criação
de formas de registro gráfico da formação inicial e dos passos
sequenciais;
• uso
de diferentes adereços;
• proposta
de criações, improvisações e execuções coreográficas
individuais e coletivas;
• identificação
do gênero a que pertence a dança e em que época foi concebida.
Ao selecionar os
conteúdos de Dança que pretende desenvolver com seus alunos, o
professor precisa considerar o contexto social e cultural, ou seja, o
repertório de dança dos alunos, seus conhecimentos e suas escolhas
de ritmos e estilos.
Para se efetivar o
trabalho com a dança na escola, há que se considerar algumas
questões: como a de gênero, as de necessidades especiais motoras e
as de religião, como o caso de algumas religiões que desaprovam a
dança, ou por outro lado, do cuidado necessário com as danças
religiosas que podem impor o caráter litúrgico implícito nas
mesmas.
Música
Desde o nascimento até a
idade escolar, a criança é submetida a uma grande oferta musical
que tanto compõe suas preferências relacionadas à herança
cultural, quanto interfere na formação de comportamento e gostos
instigados pela cultura de massa. Por isso, ao trabalhar uma
determinada música, é importante contextualizá-la, apresentar suas
características específicas e mostrar que as influências de
regiões e povos misturam-se em diversas composições musicais.
Para se entender melhor a
música, é necessário desenvolver o hábito de ouvir os sons com
mais atenção, de modo que se possa identificar os seus elementos
formadores, as variações e as maneiras como esses sons são
distribuídos e organizados em uma composição musical. Essa atenção
vai propiciar o reconhecimento de como a música se organiza.
A música é formada,
basicamente, por som e ritmo e varia em gênero e estilo. O
som
é constituído por vários elementos que apresentam diferentes
características e podem ser analisados em uma composição musical
ou em sons isolados. Os elementos formais do som são: intensidade,
altura, timbre, densidade e duração. A intensidade
do
som é o elemento responsável por determinar se uma sequência de
sons fica mais ou menos intensa, ou seja, se são fortes ou fracos.
Essa intensidade depende
da força com que o objeto sonoro é executado. Em uma execução
musical, essa propriedade é responsável pela dinâmica empregada
pelos instrumentistas e/ou vocalistas em determinados trechos
musicais.
A altura define que
algumas seqüências de sons podem ser agudas e outras graves. Essas
diferenças entre as alturas dos sons acontecem sempre em relação a
outros sons e geram as notas musicais, que são dispostas em uma
escala, distribuídas em uma seqüência que se repete infinitamente.
Outro
elemento que constitui o som é o timbre:
responsável por caracterizar o som e fazer com que se identifique a
fonte sonora que o emitiu. Como por exemplo: uma sirene, um
instrumento musical, a voz de uma pessoa.
Quando
um conjunto de sons acontece ao mesmo tempo, dizemos que há uma
grande densidade.
Na música, a densidade acontece quando vários instrumentos ou vozes
são executados simultaneamente, como em uma banda, coral, orquestra
e outras formas.
A
duração
é
o elemento responsável por determinar que qualquer som acontece em
um tempo específico relacionado a sua fonte sonora. Alguns sons são
de durações mais longas; outras, mais curtas e em alguns momentos
não se ouve som nenhum – são os momentos de silêncio. Na música,
o silêncio é chamado de pausa. Quando se combina uma sequência de
sons e/ou silêncios, está se criando um ritmo. O ritmo,
então, é o organizador do movimento ordenado dos sons e silêncio
em um determinado empo.Esses elementos do som relacionam-se, podendo
ser combinados sucessiva e/ ou simultaneamente. A combinação de
sons sucessivos é chamada de melodia.
A melodia organiza os sons emitidos em diferentes alturas durante um
determinado período de tempo; por outro lado, a combinação de sons
simultâneos corresponde à harmonia, cujas notas musicais combinadas
em um trecho musical são tocadas ao mesmo tempo. Ritmo, melodia e
harmonia, portanto, são os elementos de composição que constituem
a Música.
Esses elementos auxiliam
na compreensão da música e a perceber as diversas formas de como
ela é estruturada e organizada. As composições musicais
apresentam-se em gêneros diferentes como, por exemplo, o cantochão,
cantada por um solista ou coro com vozes entoadas na mesma altura; o
fandango paranaense, conjunto de danças regionais chamadas marcas,
acompanhadas de violas, rabeca, adufo ou pandeiro, batidas de
tamancos e versos cantados; a ópera, peça dramática na qual a
história é contada por meio do canto e de ações e representações,
acompanhada por uma orquestra; entre muitos outros.
No panorama musical,
existe uma diversidade de estilos e de gêneros musicais, cada qual
com suas funções correspondentes a épocas e regiões. Cada povo ou
grupo cultural produz músicas diferentes ao longo de sua história;
surgem, assim, diferentes gêneros musicais. Eles não são isolados;
sofrem transformações com o tempo, por influência de outros
estilos e movimentos musicais que se incorporam e adaptam-se aos
costumes, à cultura, à tecnologia, aos músicos e aos instrumentos
de cada povo e de cada época.
Na música erudita, as
formas musicais estão relacionadas aos movimentos da história da
música, principalmente com as composições do período entre 1750 e
1840, quando estas formas musicais adquiriram importância. Exemplos:
a sinfonia, o concerto e o quarteto de cordas mostram também a
transformação que as melodias e as formas musicais sofreram ao
longo do tempo.
A música popular, por
sua vez, tem origem nas festas e rituais, compostas por melodias e
canções de um povo, que passam de geração a geração e tem como
característica marcante o ritmo. A música, então, é uma forma de
representar o mundo, de relacionar-se com ele, de fazer compreender a
imensa diversidade musical existente, que de uma forma direta ou
indireta interfere na vida da humanidade.
Como sugestão de
encaminhamento metodológico, segue exemplo de como se trabalhar com
um videoclipe:
1. apreciação e análise
do videoclipe (música, imagem, representação, dança...), com
ênfase na produção musical, observando a organização dos
elementos formais do som, da composição e de sua relação com os
estilos e gêneros musicais;
2. seleção de músicas
de vários gêneros para compor outra trilha sonora para a mesma cena
do videoclipe, observando se há mudança no sentido da cena;
3. construção de
instrumentos musicais, com vários tipos de materiais, para produções
musicais com diversos arranjos instrumentais e vocais, compondo
efeitos sonoros e música para o videoclipe;
4. registro de todo o
material sonoro produzido pelos alunos, por meio de gravação em
qualquer mídia disponível.
Para o desenvolvimento do
trabalho é importante que ocorram os três momentos na organização
pedagógica: o sentir e perceber a obra conforme sugerido no primeiro
item; o trabalho artístico que está relacionado nos itens dois,
três e quatro; o teorizar em arte que contempla todos os itens. É
importante lembrar que o trabalho em sala pode iniciar por qualquer
um desses momentos ou por todos, simultaneamente.
Teatro
Dentre as possibilidades
de aprendizagem oferecidas pelo teatro na educação, destacam-se a:
criatividade, socialização, memorização e a coordenação, sendo
o encaminhamento metodológico, proposto pelo professor, o momento
para que o aluno os exercite. Com o teatro, o educando tem a
oportunidade de se colocar no lugar de outros, experimentando o mundo
sem correr risco.
Existem
diversos encaminhamentos metodológicos possíveis para o ensino de
teatro, no entanto se faz necessário proporcionar momentos para
teorizar, sentir e perceber e para o trabalho artístico, não o
reduzindo a um mero fazer. Uma possibilidade seria iniciar o trabalho
com exercícios de relaxamento, aquecimento e com os elementos
formais do teatro: personagem – expressão vocal, gestual, corporal
e facial, Composição: jogos teatrais, improvisações e
transposição de texto literário para texto dramático, pequenas
encenações construídas pelos alunos e outros exercícios cênicos
(trabalho
artístico).
O
encaminhamento enfatiza o trabalho artístico, contudo, o professor
não exclui a abordagem da teorização em arte como, por exemplo,
discutir os movimentos e períodos artísticos importantes da
história do Teatro. Durante as aulas, torna-se interessante
solicitar aos alunos uma análise das diferentes formas de
representação na televisão e no cinema, tais como: plano de
imagens, formas de expressão dos personagens, cenografia e
sonoplastia (sentir
e perceber).
Para o trabalho de sentir
e perceber é essencial que os alunos assistam a peças teatrais de
modo a analisá-las a partir de questões como:
• descrição
do contexto: nome da peça, autor, direção, local, atores, período
histórico da representação;
• análise
da estrutura e organização da peça: tipo de cenário e
sonoplastia, expressões usadas com mais ênfase pelos personagens e
outros conteúdos trabalhados em aula;
• análise
da peça sob o ponto de vista do aluno: com sua percepção e
sensibilidade em relação à peça assistida.
Os conteúdos
estruturantes devem ser tratados de forma orgânica, ou seja,
mantendo as suas relações:
• elementos
formais:
personagem, ação e espaço cênico;
• composição:
representação, cenografia;
• movimentos
e períodos:
história do teatro e as relações de tempo e espaço presentes no
espaço cênico, atos, cenografia, iluminação e música.
Na
metodologia de ensino poderá ser trabalhado com o aluno o conceito
de teatro como uma forma artística que aprofunda e transforma sua
visão de mundo, sob a perspectiva de que o ato de dramatizar é uma
construção social do homem em seu processo de desenvolvimento
(teorizar).
O teatro na escola
promove o relacionamento do homem com o mundo. E numa sociedade que
não compreende o sujeito em sua totalidade, fragmentando-o, surge a
necessidade de integrar as partes que compõem esse sujeito,
desenvolver a intuição e a razão por meio das percepções,
sensações, emoções, elaborações e racionalizações, com o
objetivo de propiciar ao aluno uma melhor maneira de relacionar-se
consigo e com o outro.
O trabalho pedagógico
com as encenações deve considerar que elas estão presentes desde
os primórdios da humanidade, nos ritos como expressão de diferentes
culturas, nos gêneros (da tragédia, da comédia, do drama, entre
outros), nas correntes estéticas teatrais, nos festejos populares,
nos rituais do nosso cotidiano, na fantasia e nas brincadeiras
infantis, sendo as mesmas, manifestações que pertencem ao universo
do conhecimento simbólico do ser humano.
É fundamental que os
conhecimentos específicos do teatro estejam presentes nos conteúdos
específicos da disciplina a fim de contribuir para a formação da
consciência humana e da compreensão de mundo. Esses elementos
permitem que o ensino de Teatro, extrapole as práticas que o
restringem a apenas uma oportunidade de produção de espetáculos ou
como mero entretenimento.
Para que a presença do
teatro na escola seja coerente à concepção de Arte adotada nessas
Diretrizes, busca-se superar a ideia do teatro somente como atividade
espontânea ou de espetáculo comemorativo.
As montagens voltadas
somente a festividades na escola; a mecanização da expressão
dramática, quando os alunos são levados a decorar falas, gestos e
postura no palco; a produção de falas, figurinos, cenas e cenários
estereotipados; o virtuosismo, ou seja, a valorização de alunos que
já possuem experiência ou facilidade de representar, em oposição
aos alunos intimidados que participariam apenas por se sentirem
coagidos pelo professor, em busca de nota, são práticas que pouco
contribuem para que o aluno construa conhecimentos em Arte. O teatro
na escola tem o seu valor ampliado não só ao abrir possibilidades
para apresentações de espetáculos montados pelos professores, e/ou
alunos ou companhias itinerantes, mas como espaço que viabiliza o
pensar simbólico por meio da dramatização individual ou coletiva.
O Teatro oportunizará
aos alunos a análise, a investigação e a composição de
personagens, de enredos e de espaços de cena, permitindo a interação
crítica dos conhecimentos trabalhados com outras realidades
socioculturais.
Esse encaminhamento pode
ser iniciado pelo enredo, em cujo conteúdo estão presentes, por
meio de metáforas, as relações humanas, dramatizadas por atores ou
bonecos, em falas e gestos ou mímicas.
O professor poderá
partir de uma obra da literatura dramática universal, da literatura
brasileira ou da oralidade (contos, lendas, cantigas populares), uma
letra de música, um recorte de jornal, uma fotografia ou pintura, os
quais contêm temas sobre situações relevantes do ser humano em sua
relação consigo e com o outro. Devem ser consideradas a faixa
etária e a realidade dos alunos, para que possam questionar e
reelaborar essas temáticas em peças cênicas.
Outra opção é iniciar
pelo processo de construção da personagem. Na elaboração do seu
perfil físico e simbólico (figurino, adereço, suas ações,
espaço, gestual, entonação), devem estar presentes a pesquisa, a
exploração, a descoberta individual e coletiva de temáticas e
conceitos propostos pelo professor, para que se estimulem discussões
acerca da condição humana em seus aspectos sociais, culturais e
históricos. Não é aconselhável condicionar o trabalho com teatro
na escola à existência de um teatro com palco e platéia separados
por cortinas. É necessário que os limites do palco sejam
extrapolados sempre que possível.
Na
escola, as propostas do enredo e das ações das personagens podem
ser valorizadas em espaços alternativos para a cena, afora o
anfiteatro
e
o salão
nobre.
Dessa maneira, locais inusitados como uma escadaria ou uma simples
sala sem qualquer móvel são transformadas em locais que reforçam a
intenção da cena e/ou das personagens. Tais relações dão ênfase
a um espaço pensado como signo: um espaço cênico.
É na pesquisa, na
experimentação e no rompimento com padrões estéticos que se
fundamentam as teorias contemporâneas sobre o teatro. Ao serem
vivenciadas na escola, as teorias cumprem, ao mesmo tempo, o objetivo
de educar pelo teatro e para o teatro.
No tocante à formação
de platéia o professor deve trabalhar para que o aluno compreenda e
valorize as obras teatrais como bens culturais. Na escola, as
propostas devem ir além do teatro convencional, que não pode ser
entendido somente em seu formato, mas pelas ideologias de uma época
que ele simboliza.
Para o aluno, conhecer
outras práticas ligadas às concepções teóricas contemporâneas
de teatro não significa apenas inovação, mas a possibilidade de
ampliar a sua ideia de mundo, na medida em que reconhece elementos da
condição humana da contemporaneidade e os associa à própria vida.
Torna-se interessante que
o professor discuta com o aluno aspectos da história recente do
Teatro. Desde a década de 1960, no Brasil, diretores e atores têm
ido além do tradicionalismo e conservadorismo dos grandes
espetáculos voltados a um público de elite seleto.
A arte da representação
mudou não somente em sua forma, mas em seus conceitos. Passou a
propor ao espectador uma outra realidade, além daquela que se
caracterizava como a reprodução da realidade. A cena pode ir muito
além disso. Com o estreitamento de fronteiras entre palco e platéia,
o diálogo com o espectador se faz de forma mais dinâmica e aberta.
Durante a cena e fora dela, fundem-se elementos de várias formas
artísticas e tecnológicas. Com isso, abre-se espaço ao
experimental no momento em que se propõe ao espectador locais
alternativos, oportunidade para reflexão, questionamentos e
interação com a cena.
Teatro inclui realidade e
fantasia num contato direto com a plateia. Por esse diferencial, a
estética teatral não se compara com a dramatização do cinema ou
das telenovelas. São linguagens distintas que dependem de uma
estrutura tecnológica para acontecer e que podem ter como ponto de
análise e discussão as diversas estéticas, as características de
interpretação, os espaços e os argumentos escolhidos para o
desenvolvimento da história.
O Teatro na escola possui
características diferenciadas ao oferecer portunidades que prezem o
direito do aluno ao conhecimento a partir dos conteúdos específicos,
metodologias de aprendizagem e avaliação.
Na escola, a dramatização
evidenciará mais o processo de aprendizagem do que a finalização,
a montagem de uma peça. É no teatro e em seus gêneros, propostos
como jogo do riso, do sofrimento e do conflito, que se veem
refletidas as maneiras de sentir o mundo por meio de um ser criado (a
personagem) num mundo criado (a cena).
Essas relações estão
presentes, também, em manifestações cênicas como:
danças, jogos e
brincadeiras, rituais, folguedos folclóricos como o Maracatu, a
Festa do Boi, a Congada, a Cavalhada, a Folia de Reis, entre outras.
Tais manifestações podem ser apreendidas como conhecimento e
experimento cênico que podem contribuir para integrar e desenvolver
o conhecimento estético e artístico do aluno, bem como para ampliar
seu modo de pensar e recompor representações de mundo, a partir dos
diferentes meios socioculturais.
De modo geral para todas
as áreas da disciplina recomenda-se, no encaminhamento metodológico,
o enfoque nos seguintes trabalhos com os alunos:
• manifestação
das formas de trabalho artístico que os alunos já executam, para
que sistematizem com mais conhecimentos suas próprias produções;
• produção
e exposição e exposição de trabalhos artísticos, a considerar a
formação do professor e os recursos existentes na escola.
_________________________
QUESTÃO 1
Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.
QUESTÃO 2
O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.
ResponderExcluirQUESTÃO 1
Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.
Resposta: Faz parte da rotina em sala de aula a abordagem teórica sobre o assunto. Sempre uso um filme, ou estabelecemos uma discussão em torno do assunto, ou levantamos algumas questões até chegarmos ao assunto. É muito particular, pois mesmo que você elabore todos os passos para uma determinada abordagem...sempre poderá dar “errado” ou diferente do que você planejou. Isto faz parte do primeiro aspecto: Teorizar.
Sobre Sentir e perceber: Em arte sempre trazemos alguma obra (dependendo da linguagem: Música, visuais, dança ou teatro) que seja conhecida ou consagrada para que o aluno perceba como determinadas obras são ou foram concebidas, dentro da teoria que foram abordadas. Sempre questiono este trabalho, apesar de sempre fazê-lo porque o aluno pode se “influenciar” e inibir o seu processo de criação. Por outro lado, corre-se o risco de que ele não entenda bem, se não tiver um contato com a obra que serviu de exemplo. Talvez seja um dos pontos a mudar.
Sobre o terceiro item: Produção artística: é sempre desejável que cada aluno produza a partir do assunto uma “obra” artística. Este é o item mais polêmico justamente porque as cópias e reproduções são muito comuns. Os elementos que compõe a obra podem ( e devem) ser os mesmos....mas as obras produzidas não.
QUESTÃO 2
O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.
O que falta para que as aulas sejam mais significativas e alcancem seu objetivo é um espaço físico dentro da escola. Nas aulas de artes visuais em que o aluno tenha que pintar por exemplo...as aulas necessitam serem desenvolvidas dentro da sala de aula...em 50 minutos....pois bem: é impossível. Nos horários de arte, sempre peço para que as minhas aulas sejam geminadas....e ainda assim não dá tempo porque os materiais usados para pintura são muitos...
Nas aulas de Teatro...há necessidade de trabalhar a prática teatral....e sempre atrapalha ( o barulho) as aulas das salas ao lado....então não podemos muitas vezes praticar...
Nas aulas de música, também teria que ter um espaço para prática musical...ou canto coral....o que também atrapalha as salas ao lado....Se tivesse que mudar algo...seria neste sentido.
É bem verdade, como mencionei, a questão do espaço para realizarmos as aulas com uma melhora significativa é muito importante, sempre que tivermos uma oportunidade, mencionar esta questão que é fundamental, mesmo se algumas aulas não forem gemidas, seria possível ir a uma sala própria de Arte, pois
Excluira sala ja poderia estar pronta pra receber este aluno,pois o mesmo deixaria a sala organizada para a próxima turma.
QUESTÃO 1
ResponderExcluirApós a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.
Conforme leitura do texto “Encaminhamento Metodológico” a utilização dos recursos mencionados, são utilizados de acordo com o Planejamento executado para cada bimestre do ano, elaborado com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica .Os itens e formas de trabalho são executados conforme o ano(série) e abrange praticamente todo contexto da leitura. Ao iniciar um conteúdo é feito de forma teórica, através de leitura ou recurso da TV Pen-Drive para conhecer o Movimento e Período a ser abordado .O aluno visualiza imagem, toca objetos, conhece, percebe o trabalho artístico da obra a forma de produção, identifica os elementos formais que a compõe, de acordo com sua contextualização. Quanto a produção artística, cada aluno constrói uma leitura e releitura individualizada, do imaginário ao criador, tornando-se autor de sua arte, a ser valorizada pelo seu potencial. Somente a questão confecção de instrumentos eu não pratico, pois é executada em ano(série) anterior as lecionadas por mim. Em se tratando de exposição de trabalhos artísticos produzidos pelos alunos, nem sempre há espaço para expor .
QUESTÃO 2
O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.
Uma mudança pertinente à favor da disciplina de Arte é em relação a um espaço apropriado para executar, criar e socializar, pois a certas atividades que são inviáveis serem feitas na sala, e até mesmo para troca de aula, embora em alguns momentos a interdisciplinaridade aconteça Temos um pequeno espaço que não comporta a totalidade de alunos da maioria das turmas, parte das turmas se revezam, o trabalho acontece, mas para o professor a satisfação é incompleta, pois o mesmo não pode estar durante todo o processo em dois lugares ao mesmo tempo.
Até para nossos colegas de Educação Física é uma prerrogativa as aulas em relação a uma única quadra!
Mas acreditamos e esperamos que um dia esta realidade seja, apenas uma lembrança do passado...
Profª Ana Lucia
E MUITO RRUIMMM
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