segunda-feira, 6 de abril de 2015

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DE FILOSOFIA

Para o desenvolvimento da disciplina de Filosofia no Ensino Médio, os Conteúdos Estruturantes e os Conteúdos Básicos devem ser tratados de forma articulada. Estas Diretrizes sugerem que se organizem os conteúdos da maneira como eles estão apresentados na tabela de conteúdos básicos, ressaltando que esses se desdobram em conteúdos específicos, próprios da contextualização dos fenômenos estudados.
Recursos didático-pedagógicos para as aulas de Filosofia:
Aulas expositivas dialogadas; aulas em visitas guiadas à instituições culturais.
Exercícios escritos e oralmente apresentados e discutidos;
Leituras de textos: clássico-teóricos, teórico-contemporâneos, temáticos, didáticos, literários, jornalísticos e filosóficos;
Debates e seminários de temas relevantes fundamentados em leituras e pesquisa bibliográfica;
Análises críticas: de filmes, documentários, músicas, propagandas de TV; análise crítica de imagens (fotografias, charges, tiras, publicidade), entre outros.

Filmes e vídeos sob um olhar crítico
Um filme deve ser entendido também como texto e, como tal, é passível de leitura pelos alunos. Os filmes são dotados de linguagem própria e compreendê-los não significa apenas apreciar imagens e sons. É preciso que o professor proponha uma interpretação analítica e contextual e, assim sendo, alguns passos devem ser seguidos:
a escolha do filme não deve estar relacionada somente ao conteúdo, mas também à faixa etária e o repertório cultural dos alunos;
aspectos da ficha técnica do filme devem estar incluídos na atividade como o ano, o local de produção, a direção, premiações, assunto da obra, onde e quando se passa;
a elaboração de um roteiro que contemple aspectos fundamentais para o conteúdo em estudo possibilitará uma melhor compreensão do trabalho, chamando a atenção dos alunos para questões sociológicas que possam estar correlacionadas;
a discussão das temáticas contempladas deve estar articulada às teorias sociológicas e à realidade histórica referida;
a sistematização das análises a partir do filme e/ou vídeo, pode ser feita por meio da produção de um texto ou de outro meio de expressão – visual, musical, literário – para completar a atividade.

Leitura e análise de textos filosóficos
É muito importante propor a leitura e análise de textos filosóficos que não se limitem aos livros didáticos. Os excertos dos textos filosóficos que forem utilizados deverão ser contextualizados a fim de que o aluno possa compreende-los no conjunto da obra do autor, percebendo a historicidade de sua construção e a intencionalidade das ideias desenvolvidas pelo autor. Essas ações precisam ser empreendidas a fim de que o texto não seja tomado como verdade absoluta, nem como resposta a todas as problemáticas acerca do conteúdo trabalhado.
Levar o estudante a compreender que escritos abordam aspectos de um problema de determinada realidade, evidenciando quais são os aspectos tratados e quais são os outros possíveis. Recomenda-se articular os excertos dos textos filosóficos acadêmicos a textos de livros didáticos, procurando garantir a cientificidade do conteúdo trabalhado, adequando-o ao universo cultural do aluno.
Destaca-se que textos literários contextualizados e articulados com o conhecimento filosófico enriquecerão as discussões da disciplina.
O Livro Didático Público de Filosofia é outro importante suporte teórico e metodológico desta disciplina e constitui um ponto de partida para professores e alunos. Assim como qualquer material pedagógico, o livro didático não esgota ou supre todas as necessidades que o ensino da Filosofia requer no Ensino Médio.
Considera-se que a Filosofia como disciplina na matriz curricular do Ensino Médio pode viabilizar interfaces com as outras disciplinas para a compreensão do mundo da linguagem, da literatura, da história, das ciências e da arte.
Nessa perspectiva esta diretriz curricular para o ensino de Filosofia indica que não é possível filosofar sem Filosofia e estudar filosofia sem filosofar. Portanto, entende-se que o ensino de Filosofia pode ser um espaço de estudo da Filosofia e do filosofar.
A Filosofia apresenta-se como conteúdo filosófico e também como um conhecimento que possibilita ao estudante desenvolver estilo próprio de pensamento. O ensino de Filosofia é um espaço para criação de conceitos, unindo a Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida ao ensino de Filosofia.
Cabe ao professor de Filosofia tentar pensar filosoficamente para, acima de tudo, conseguir construir espaços de problematização compartilhados com os estudantes, a fim de articular os problemas da vida atual com as respostas e formulações da história da Filosofia e com a elaboração de conceitos.
A Filosofia na escola pode significar o espaço de experiência filosófica, espaço de criação e provocação do pensamento original, da busca, da compreensão, da imaginação, da investigação e da criação de conceitos. O que se espera é que o estudante, ao tomar contato com os problemas e textos filosóficos possa pensar e argumentar criticamente e que nesse processo crie e recrie para si os conceitos filosóficos.
O ensino de Filosofia tem uma especificidade que se concretiza na relação do estudante com os problemas suscitados, na busca de soluções nos textos filosóficos por meio da investigação, enfim no trabalho em direção à criação de conceitos.


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QUESTÃO 1
Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.

QUESTÃO 2
O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.

19 comentários:

  1. Após a leitura do item “Encaminhamento Metodológico” constante na Proposta Pedagógica Curricular da sua disciplina, pontue, a partir do mencionado nesse item, o que faz parte da sua rotina em sala de aula e o que não faz, explicando as razões.


    No Zardo leciono apenas para os primeiros anos e seria desnecessário enumerar as dificuldades em se trabalhar filosofia com turmas de tenra idade e oriundos de escola pública. A primeira dificuldade em se aplicar qualquer metodologia nas minhas turmas é da superlotação. Com turmas de vinte alunos a metodologia é uma, com quarenta alunos outra. Trabalho o texto clássico nos segundos anos no Volpato (Holbach - Ética), em turmas pequenas, com bons resultados, mas para primeiros anos, no máximo enxertos do livro texto. Debates, utilizo sim, mas de forma dirigida. Por exemplo, sobre um filme exposto, passo várias perguntas, valendo nota, em seguida faço as pergunta para a turma, ouço as diversas respostas e comento. Se deixar o debate livre, o resultado será apenas o senso comum. Também adoto pesquisas sobre temas filosóficos, mas com estrita relação com a realidade. E evito, nos trabalhos, perguntas que possibilitem o “copiar e colar” tão em voga.
    Prof. Walter

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    1. Este é meu primeiro ano no Zardo e leciono para o curso técnico de informática. Encontro o problema da superlotação do primeiro ano. Uso com eles aulas expositivas dialogadas sempre que possível. Como estamos no inicio do ano letivo ainda estou conhecendo a turma para saber o que irá funcionar didaticamente com eles. Tenho lido excertos de textos filosóficos constantes do livro didático (1 ano) e da Republica de Platão para o segundo ano. No quarto ano tenho me detido em discussões éticas sobre temas atuais e levantado o que os alunos conhecem sobre a temática ou o que gostariam de trabalhar.
      No segundo ano vários alunos tem pedido que façamos debates. Sugeri que tragam as temáticas e que se estiverem de acordo com o conteúdo do bimestre poderemos trabalhar.
      Também tenho planejado trabalhar com pequenos vídeos ou trechos de filmes com roteiro para que não percam o foco do que desejo ressaltar ou desenvolver.
      Gostei da forma como a professora Iris desenvolve suas atividades propondo que os alunos pesquisem sobre o tema e que ao final da pesquisa respondam a questão proposta. Acredito que traga bons resultados e permita que se avalie o progresso dos alunos no desenvolvimento da argumentação.
      Professora Maria Domingos

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    2. Fantástico professora, muito relevante a sua abordagem de buscar qualitativamente e quantitativamente a expansão de conhecimentos pelos alunos, propondo que o ponto de partida seja a pesquisa. A mediação professor juntamente com a metodologia de solicitar ao aluno pesquisas, permite à esses uma postura ativa sobre o conhecimento, que se mostra interdisciplinar e numa relação de práxis, pois o aluno estabelece relações com seu cotidiano. Relevante também o uso de recursos tecnológicos (filmes, documentários), que ilustram e atingem visualmente e auditivamente o aluno, explorando as diversas possibilidades do aprender.

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    3. Prof. Walter,
      Como bem relatou, existem interferências que fazem com que as práticas metodológicas sejam diversas e necessitem de adaptação, mesmo com a Proposta Pedagógica Curricular. Com o grande número de alunos, que é uma realidade, o professor tem reorganizado o seu trabalho com vistas a possibilitar a vivência do conhecimento filosófico, visando a construção de estilos próprios de pensamento. Conversaremos mais a respeito.
      Abraço,
      Ped. Michele.

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  2. O que precisa ser alterado / modificado para fins de atualização nesse item da Proposta Pedagógica Curricular de sua disciplina? Explicite o que precisa ser aprofundado de modo a expressar a realidade e almejar o alcance da concepção da disciplina.


    Entendo que existe séria dificuldade em se trabalhar vídeos na Escola. Acompanhando a professora Íris, notei que a instalação e utilização do retroprojetor para exibição de filmes tende a ser muito trabalhoso, o que dificulta em muito a adoção te tal metodologia. Na Volpato, há uma sala simples, com uma tv de tela plana 42 polegadas. Basta inserir o pen drive na tv e ligar, dispensando notebooks ou qualquer outro acessório.
    A tv pen drive CCE das salas de aula, por melhor que tenha sido, é uma tecnologia ultrapassada. Não aceita arquivos com mais de um giga e não possibilita a utilização de filmes com legenda. O simples ato de sair da sala, ir para outro ambiente, com uma tela grande, desperta interesse nos alunos, os prende ao conteúdo e possibilita melhor aproveitamento.
    Se não há possibilidade no momento de seu adotar uma tv com 42 polegadas pen drive, sugiro que a aparelhagem de exibição via retroprojetor esteja instalada em uma forma que facilite sua utilização. O professor deve apenas inserir o conteúdo previamente preparado e ligar o aparelho. Ajustes, instalação e configuração roubam tempo preciosos e dificultam por demais sua adoção.
    Prof. Walter

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    1. Não tenho nenhuma alteração a sugerir na proposta pedagógica.
      O maior problema que em geral encontro nas escolas em que leciono se restringe ao uso das tecnologias disponíveis, em especial a TV Pendrive. Concordo com o professor com a dificuldade de ajuste de equipamentos para uso e particularmente tenho certa dificuldade em usar alguns recursos. Assim quando preciso usar recorro aos alunos que conhecem muito mais do que eu.
      Professora Maria Domingos

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    2. Ok Professor. Fica registrada a sugestão. A disciplina de Filosofia possibilita uma variedade de relações com filmes e outros recursos, ampliando a aprendizagem dos alunos.

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  3. Boa noite aos colegas Filósofos!

    Bem, em se tratando de filosofia podemos entrar na questão kantiana se é possível ensinar filosofia ou ensinar a filosofar. Fico como Kant, com a segunda proposição já que sem o exercício do pensamento, a simples leitura dos textos clássicos, vai mais confundir do que esclarecer. É esse meu ponto de partida. Espero que com algumas reflexões à partir de questões instigantes, meu aluno posso chegar a pensamentos mais elaborados. O pensamento filosófico não pode ser alcançado somente pela leitura de textos. Isso exige um nível de hermenêutica que o aluno não tem. Quando através de uma ação dialógica em sala de aula, consigo estimular o pensamento reflexivo e crítico, estou no início de um processo de despertar da consciência filosófica que operacionaliza a leitura dos textos. Apesar de que com algumas turmas, fique extremamente difícil pelo número de alunos, podemos lançar pequenos desafios de pensamento filosófico: O que pode significar nos dias de hoje o "Mito da Caverna"?
    Levantar a questão dos dilemas éticos, ou seja o que você faria se estivesse na posição de determinada pessoa? Aqui temos Kant. A ciência moderna começou com a questão da physis, ou seja, a busca do Arqué. Hoje este arqué, pode ser entendido como o "Bóson de Higgs". Com isso o passado se conecta com o presente e a filosofia se torna um exercício perene do pensamento e não apenas um conjunto de pensamentos de pessoas num tempo perdido na história. Sempre parto de senso comum para o pensamento filosófico. Se não fizer sentido para o aluno, a filosofia se torna "chata", "anacrônica" e pouco instigante. Com relação à proposta pedagógica, acho que está bem. Depende da adequação didática de cada professor.

    Abraços,

    Profº Marcos Gomes

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    1. Caro Marcos a Filosofia é tão instigante que mesmo sendo da Ed Fisica, eis-me aqui para ler...Acredito que mesmo sendo de disciplina diferente tenho o desejo (senão a certeza) abstrair pensamentos e ações que contribuirão em minha práxis.
      Me perdoem a invasão, mas como sempre digo, sou seu fã.
      Abraço - Vladimir

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    2. Prof. Marcos Gomes, que riqueza a Filosofia nos proporciona. O conteúdo é sempre o "carro chefe" da prática docente, sendo que apropriação dos conteúdos escolares instrumentaliza o aluno a olhar e agir no mundo. Sobre a Proposta Pedagógica, importante a sua percepção de que a disciplina de Filosofia está adequada, e de que cabe aos docentes a adequação didática do que é proposto. Que possamos ter vários momentos de troca ao longo do ano letivo, para promover "trocas" entre os docentes da discipina.

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    3. Boa tarde aos colega Vladimir e Carolina,

      Legal a colocação de vocês! Creio que devêssemos desenvolver um diálogo multidisciplinar, pois o conhecimento não é separado. Apesar das especificidades de cada disciplina, na vida tudo está interligado! A separação é usada apenas para um maior aprofundamento. Enfim, o mais importante é como chegar próximo ao meu aluno e despertá-lo para a beleza e grandeza do conhecimento.
      Abraços e uma ótima semana para vocês.

      Profº Marcos

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    4. Olá prof. Marcos,
      Agradecemos a excelente contribuição e reflexão filosófica sobre o ensino da Filosofia na escola do Ensino Médio. Partir do conhecimento prévio do ano, instigá-lo a pensar criticamente e ainda, achar significação nesta ação é um dos grandes desafios dos professores, ainda mais em turmas numerosas. Também concordo que a proposta metodológica de Filosofia está adequada, mas podíamos ir além, com novas leituras e releituras como das Orientações Curriculares para o Ensino Médio e com as Diretrizes. Parabéns pelo trabalho que vem realizando!
      Abraço,
      Ped. Michele.

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  4. Olá professores,
    As contribuições estão ótimas! Aguardamos mais participações.
    Abraços,
    Ped. Michele.

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  5. Olá Professores e Pedagoga Michele,
    As contribuições e comentários aqui registrados são de uma riqueza extrema, pois trazem elementos importantes da disciplina como um todo e em especial, as questões de encaminhamento metodológico. Que possamos manter as práticas da disciplina que vêm surtindo resultado de aprendizagem nos alunos, e cada vez mais trocar informações, sugestões, dialogo sobre as especificidades da Filosofia. Abraços. Pedagoga Carolina

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  6. Íris Moura - Filosofia

    1) De modo geral, e ao que me parece, utilizo em maior ou menor proporção todos os encaminhamentos metodológicos sugeridos. Contudo, tenho uma predileção por alguns recursos, visto que eles parecem, pelo menos em minha prática docente, ser mais eficazes e mais objetivos. Gostaria, então, primeiramente, de fazer observações acerca da leitura dos textos filosóficos originais. Dada a dificuldade que temos constatado por parte dos alunos em ler e interpretar, mesmo em se tratando de um texto ou conceito que já foi previamente contextualizado, ilustrado e analisado, tenho evitado e/ou diminuído está prática. Assim o que tenho feito, na maior parte das vezes, depois de apresentado, contextualizado, ilustrado e analisado um conceito é desenvolver algumas linhas ou um pequeno parágrafo cujo tal conceito possa ecoar. Posto isto, me parece que enfrentar esta maré de resistência à leitura e à interpretação não é um trabalho que possa ocorrer individualmente, partindo de ações isoladas de professores destemidos, é preciso união e força em torno do problema, e a princípio isto demandaria um trabalho político pedagógico mais amplo; ou seja, que tivesse isto como uma de suas principais metas.
    Outro procedimento que quase não realizo é o debate organizado em forma de seminário, pois geralmente não consigo ver um aproveitamento dos alunos com relação ao conteúdo devido a pesquisas rasas e a pouca ou má compreensão. Ademais, muitas vezes, torna-se uma apresentação de “achismos” e opiniões pessoais infundadas e sem relação com o assunto. Assim demoro muito neste processo avaliativo, as notas são em sua maioria baixas e há um desgaste grande principalmente de minha parte. Também é preciso reconhecer certa inabilidade minha com relação a este procedimento que as poucas vezes que fiquem parcialmente satisfeita com os resultados tratava-se de boas turmas, daquelas que a maior parte dos alunos estavam lá par estudar...

    2) Seguindo a linha e o problema acima comentado acerca da resistência em ler e interpretar, penso que além do PPC, seria preciso rever alguns aspectos com relação às provas bimestrais, porque se de um lado somos “convidados” a incitar a prática da leitura e a fomentar a interpretação; de ouro lado, temos que nos adequar ao parâmetro de uma lauda para provas, e, por conseguinte, de questões muito objetivas e sem o recurso de um texto ou um fragmento para consulta. Observando que mesmo nas avaliações que pude realizar em duas páginas, o próprio aluno já tem incorporado esta cultura... Já ouvi muitas vezes a pergunta “por que tua prova é tão grande?”, “por que tenho que ler tanto em tua prova?”

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    1. Profª Iris,
      Agradeço a sua contribuição e relato pedagógico. Você nos apresenta duas questões conflitantes em seu trabalho como professora, que seriam: de um lado, trabalhar os conhecimentos, os conteúdos filosóficos com alunos que não tem o hábito da leitura e ainda, a organização pedagógica ou até mesmo, a cultura escolar, que obriga a padronizações ou até mesmo a limitações, neste caso, de uma lauda para a prova.
      O pensar filosófico por meio da leitura é uma construção e que é trabalhado nas diversas áreas do conhecimento. A primeira questão que deveria permear este debate, a meu ver, seria a discussão da categoria juventude, para pensarmos em possibilidades de trabalhos metodológicos enquanto escola, para ampliar o hábito de leitura de nossos alunos. Conversamos mais a respeito nas horas atividades.
      Abraço,
      Ped. Michele.

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  7. Íris Moura – Filosofia
    Caros colegas de Filosofia,
    Não diferentemente de vocês também tenho a dificuldade da superlotação, o que é mais grave em se tratando dos primeiros anos... Contudo, isto se repete em várias instituições, e com passar do tempo, infelizmente, temos que nos adequar, assim tenho adotado num primeiro momento uma abordagem mais histórica da filosofia, a fim de que eles percebam seu enraizamento e dinamismo. Porém, nem sempre isto funciona como deveria, mas acho que eles ficam menos “assustados” pelo menos...

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  8. Íris Moura – Filosofia
    Sobre o problema kantiano do ensino de filosofia ou do filosofar, e a conseqüente defesa e assentimento ao filosofar, gostaria de fazer uma observação. Se de um lado a filosofia se dá através de diferentes linguagens e formas de expressões – passeios peripatéticos, diálogos, banquetes, alegorias, contemplações, poesias, ensaios, enciclopédias, ações políticas, movimentos sociais, mudanças de paradigmas, encontros, colóquios, películas, obras artísticas, textos exotéricos e esotéricos, entre outros, nada melhor que em nossa prática nos favorecer desta versatilidade. Além do mais, a finalidade disto tudo, é tanto um bem pessoal quanto sócio-político. Porém, para compreender e às vezes até se sensibilizar com um filme, com uma obra artística, um fato histórico, uma idéia, ou com o que quer que seja, é preciso pensamento, e pensar é, sobretudo, ampliar vocabulário, significações e sentidos, afinal pensamos através das palavras, e são elas que, a princípio, podem atribuir novos sentidos e modificar a realidade. O próprio Kant era extremante acadêmico, leitor assíduo e observador... Não querendo contestá-lo meu caro Marcos, porque como outros, admiro o modo como conduz as “coisas da docência”, mas o exercício da leitura, da escrita, e certa disciplina com estudos são etapas indispensáveis ao conhecimento. E, isto é, como sabemos, um pouco “chato” mesmo...

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    1. Cara colega Íris,
      Relevantes tuas colocações! De forma alguma considero uma contradição nossas posturas, pois como eu disse:"Quando através de uma ação dialógica em sala de aula, consigo estimular o pensamento reflexivo e crítico, estou no início de um processo de despertar da consciência filosófica que operacionaliza a leitura dos textos". É pois essa "consciência" que pretendo despertar no aluno tirando-o de um estado mental de letargia, ou zona de conforto, onde a simples menção de "fazer alguma reflexão filosófica", causa uma repulsa quase que instantânea. A questão dos textos é uma questão delicada, pois segundo certos autores, tudo pode ser um texto! A leitura que o aluno faz do mundo, como nas tuas palavras, é uma leitura rasa. Eles não procuram causas, só vêem efeitos. Quando se pergunta o que é ética em sala, o que ouvimos? "Ah professor, ética?. Ora, cada um tem a sua!" Ou eles imaginam que ética é exercida dentro de profissões somente, como por exemplo: Ética médica, jurídica ou outras. Penso que a filosofia, quando se tornou profissional ou acadêmica, perdeu muito do encanto inicial que se propunha. A filosofia socrática, aristotélica, epicurista ou neoplatônica, como no filme "Alexandria", sobre a vida de Hipátia , tinha um outro "elán". Sua preocupação fundamental era como viver melhor. Depois da escolástica, a discussões filosóficas parecem que se tornaram infinitas e de lá para cá, o "sonho iluminista" achou que a razão poderia dar conta do problema do mundo. Doce ilusão! A razão se tornou cativa da instrumentalização e à serviço de outros interesses que não o bem comum. Como filosofar, como questiona Habermas, "...em tempos de terror". Talvez devêssemos repensar nossos desatinos da razão. Quem sabe a filosofia não deva buscar outros caminhos, como na especulação de Bergson, numa intuição criativa? Ou numa intuição heurístia? Ou buscar na filosofia da mente e na filosofia do cérebro, entender como funciona a neuroética? Quanto estamos, enquanto filósofos, dialogando com outras disciplinas? Talvez nossos colegas da academia devessem descer do "Monte Olimpo do Saber" e olhar mais à sua volta e perceber o que o mundo realmente precisa! E talvez nesse contexto nossos jovens precisem de novos ares, ou um novo "refresh" mental e não uma sobrecarga de conteúdos para atender a uma lógica torta que valoriza passar de ano, passar no Enem, passar no vestibular e enfim, se tornar infeliz e vazio. O problema que este vazio existencial é preenchido com um consumo desenfreado, drogas ou outros paliativos para preencher uma existência sem sentido. É contra essa falta de sentido que observamos à nossa volta e principalmente, numa academia que vive em ilhas conceituais, que faço meu discurso e minha luta. Junto a isso, considero o teu trabalho em especial e dos nossos colegas como extremamente importantes para não apenas entender a realidade, mas junto com o pensamento de Marx, transformá-la. E para a melhor!

      Abraços e uma ótima semana.

      Profº Marcos

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